Rio São Francisco

Parceria com iniciativa privada não é privatização do rio São Francisco, diz Bolsonaro

Presidente publicou texto nas redes sociais após Folha mostrar que governo pretende fazer leilão de concessão da transposição em 2021

Jair Bolsonaro na abertura das Barragem de Milagres, no Rio São FranciscoJair Bolsonaro na abertura das Barragem de Milagres, no Rio São Francisco - Foto: Isac Nóbrega / PR

Após o jornal Folha de S.Paulo revelar que o governo quer entregar a transposição do rio São Francisco para a iniciativa privada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a parceria planejada "não é uma privatização".

"A parceria com a iniciativa privada não é uma privatização. Estudamos uma alternativa para a eficiente operação e manutenção do sistema. Não abriremos mão das decisões sobre o uso da água e do patrimônio construído pelo governo federal", escreveu o presidente nas redes sociais.

A Folha de S.Paulo mostrou que o governo pretende fazer o leilão de concessão da obra em julho de 2021.

A empresa vencedora cuidará da operação dos reservatórios, estações de bombeamento e 477 quilômetros de canais, que alcançam quatro estados do Nordeste –Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

O governo tem feito sondagens com investidores e busca empresas de grande porte que poderiam operar um sistema de complexidade alta.

Em uma mensagem publicada no Facebook nesta segunda-feira (23), Bolsonaro afirmou que garantir água para o Nordeste é "prioridade para o nosso governo". "As águas já chegaram a Pernambuco, Paraíba e Ceará, sem custos para os estados; e em função das ações do meu governo, chegarão ao Rio Grande do Norte no próximo ano", escreveu.

Ele também afirmou que os estados deveriam ter assumido os custos da operação e da manutenção da transposição, o que, segundo ele, ainda não aconteceu. "Apesar de termos atendido a todos os pedidos dos governadores na negociação em curso, até hoje os estados não assumiram a operação", disse o presidente.

A transposição do São Francisco é a maior intervenção hídrica do Brasil. As obras começaram em 2007, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo é interligar as águas do São Francisco a rios dos quatro estados beneficiados.

A obra está 97% concluída, segundo o governo. O eixo leste do empreendimento foi inaugurado em 2017 e está em fase de pré-operação. O eixo norte tem previsão para início das operações no primeiro semestre de 2021.

Entre as justificativas para a privatização, o governo argumenta que o empreendimento, de alto custo, é dependente do Orçamento da União, limitado por causa da crise fiscal.

O plano da concessão é uma parceria entre o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), do Ministério da Economia, e o Ministério do Desenvolvimento Regional.

Membros do Executivo argumentam que o governo não deveria atuar diretamente na operação de sistemas desse tipo, mas sim se preocupar com a regulação da atividade, assim como faz no setor elétrico.

Os investimentos da União na obra já alcançam R$ 10,8 bilhões e o valor total para a conclusão é estimado em R$ 12 bilhões.

Além disso, o custo anual de operação e manutenção do sistema gira em torno de R$ 280 milhões, valor integralmente bancado pelo Tesouro Nacional.

Os contratos da concessão devem ter duração de 25 a 30 anos. Para fazer a modelagem, o governo contratou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Ainda não há definição do modelo, e a conclusão dos estudos deve ser apresentada no primeiro trimestre do próximo ano.

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