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Economia

Petrobras reduz preços de combustíveis nas refinarias

Gasolina e diesel ficarão 3,2% e 2,7% mais baratos. Queda, no entato, pode não chegar às bombas dos postos

GODZILLA IIGODZILLA II - Foto: Reprodução/Adoro Cinema

A partir deste sábado ()15), a Petrobras inicia sua nova política de preços para os combustíveis, conforme a Folha de Pernambuco antecipou na edição da última quinta-feira (13). Segundo o presidente da estatal, Pedro Parente, os preços da gasolina e do diesel serão reduzidos em 3,2% e 2,7%, respectivamente, nas refinarias.

A baixa, no entanto, não é sinônimo de queda nos valores cobrados ao consumidor final nas bombas dos postos de Pernambuco. Isso porque uma boa parcela das revendas tem preferido importar os produtos do mercado internacional, e, neste caso, os preços já são mais em conta do que os encontrados pelos clientes da estatal brasileira.

“Não acredito que terá impacto nenhum nas bombas, pois o produto que estamos vendendo barato, hoje, é importado”, comentou Rafael Pires Coelho, proprietário da rede Eco Postos. Segundo ele, mesmo com a redução, a gasolina e o diesel vendidos no mercado internacional ainda são mais vantajosos e, para se alcançar o equilíbrio, nas contas dele, a redução nas refinarias brasileiras deveria ser em torno de 10%.

A importação foi justamente um dos principais motivos que levou a Petrobras a rever sua política de preços, já que vinha perdendo participação no mercado devido ao crescente volume das compras do mercado no exterior. “O aumento das compras externas vem sendo observado especialmente no caso do diesel, onde, a entrada de produtos já responde por 14% da demanda do País. No caso da gasolina, as importações cresceram 28% ao mês entre março e setembro desse ano”, estimou a estatal.

A Petrobras também não garantiu que o consumidor final seja beneficiado com a mudança, tendo em vista que a lei brasileira dá liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados. Todavia, segundo cálculos da empresa, se o ajuste for integralmente repassado, o diesel e a gasolina podem cair cerca de R$ 0,05 por litro.

Levando em consideração o preço médio do litro cobrado nos postos do Recife, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP), a gasolina cairia de R$ 3,47 para R$ 3,42 e o diesel de R$ 3 para R$ 2,95.

Especialista em Petróleo e Gás, Wellington Santos avalia que a medida é positiva para o mercado, mas é menos otimista no cálculo de redução de preço ao consumidor final.

Para ele, o preço cairá, no máximo, apenas R$ 0,03, devido aos custos de logística das distribuidoras, que não deverão ser reduzidos. “Imagine uma empresa que utiliza ‘x’ litros de diesel por dia e, agora, vai gastar menos por litro? Isso faz muita diferença no orçamento. Porém, mais importante ainda, é entender que essa redução deveria ter sido lá atrás, por conta do preço do produto no mercado internacional”, comenta.

A reportagem procurou o Sindicato de Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE). O presidente Alfredo Ramos disse que não iria se posicionar sobre possíveis reduções de preços nos postos do Estado até que as distribuidoras passem a aplicar as mudanças autorizadas pela Petrobras.

Etanol

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, critica o que a Petrobras chama de política de preços.

Segundo Cunha, a atitude pontual não pode ser considerada uma política de suprimento e de investimento em suprimento de combustíveis limpos e renováveis, “coroando apenas um atrelamento perigoso a uma política de importação que se relaciona, no mínimo, a três variáveis: a taxa do câmbio real x dólar, o preço internacional do petróleo e o desestímulo à produção e ao refino de petróleo e biocombustíveis dentro do País”.

“É estranho uma empresa que detém todo o monopólio da gasolina no Brasil começar uma política que compromete a produção e ainda não assegura para a população que a baixa de R$ 0,05 por litro possa chegar para o consumidor”, completa Cunha.

À inflação, o alívio mais que necessário

A redução no preço da gasolina e do diesel anunciada pela Petrobras deve representar um alívio extra para a inflação, ainda que de pequena magnitude, aumentando o conforto para o Banco Central reduzir a taxa básica de juros.

O diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs, Alberto Ramos, calculou que, dependendo do repasse, a redução de preços pela Petrobras poderá diminuir o IPCA acumulado do ano em 0,10 ponto percentual. “Este é um desenrolar positivo e deve dar ao Banco Central ainda mais conforto para começar a afrouxar a política monetária. Se os preços dos combustíveis continuarem a cair nos próximos meses, o BC terá espaço extra para cortar a Selic de forma mais agressiva em 2017”, disse.

Nas contas da economista-chefe da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, as mudanças anunciadas pela Petrobras têm um impacto de descompressão na inflação de 0,06 ponto percentual no ano, sem levar em conta efeitos secundários como a queda do etanol.

Ela admitiu que isso pode dar gás às mudanças de expectativas quanto a um corte mais forte na Selic na próxima reunião, de 0,5 em vez de 0,25 ponto percentual. Mas ponderou que a despeito da investida da Petrobras, o ciclo de queda já estava dado para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na próxima terça-feira (18) e quarta-feira (19). 

Economista pernambucano, Luiz Maia estima que o efeito deverá ser pequeno, porém, no conjunto de fatores, pode ser positivo. “Essa notícia, embora seja de pequena intensidade, é uma medida que pode compor, junto com outras, um processo de desinflação nos próximos meses”, prevê. “Se a estrutura de custos de uma empresa está ficando mais baixa, isso pode significar que o empresário pode segurar o repasse de aumento de alguns custos”, exemplifica.

Governo 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o Governo não interferiu na redução do preço dos combustíveis, mas que a medida deverá impactar positivamente na inflação. “Isso é uma decisão da Petrobras e não há dúvidas de que, nesse caso específico, é favorável do ponto de vista da inflação. A Petrobras tem que seguir sua política de uma empresa que tem responsabilidade com seus acionistas e com o País”, disse.

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