PIB

PIB em 2021 terá de ser revisto com avanço da Covid, diz secretário de Guedes

Ele diz que o PIB ficou acima do esperado no quarto trimestre

Secretário de Política Econômica Adolfo SachsidaSecretário de Política Econômica Adolfo Sachsida - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 O avanço da pandemia de Covid-19 neste ano deve começar a influenciar as previsões feitas pelo Ministério da Economia para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2021. Pode haver uma retração da atividade já no primeiro trimestre, reforçando um cenário destoante da recuperação vista pelo governo no fim do ano passado.

"Nossas previsões estão mantidas [até agora, em crescimento de 3,2%]. Mas não tem jeito. À medida que outros estados usem novas restrições de comércio, e se essa tendência persistir, teremos que rever os dados", afirma Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do ministério.

Por um lado, ele diz que o PIB ficou acima do esperado no quarto trimestre –o que beneficia as estatísticas de 2021. Por outro, afirma que o desempenho da economia ainda depende basicamente de três fatores: "vacina, vacina e vacina".


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Pergunta - Qual a avaliação sobre o resultado do PIB de 2020?
Adolfo Sachsida - É difícil dizer que foi um bom resultado. Uma queda dessa nunca é boa. Mas, dado o que algumas pessoas esperavam, com estimativas de analistas de queda de até 10%, o resultado mostra que as políticas feitas pelo governo em parceria com o Congresso estavam dando resultado.

Temos risco de retração do PIB no primeiro trimestre?
AS - Sim. Nas nossas contas, desde o ano passado sabemos que o primeiro trimestre vai ser delicado. É um momento de transição, saindo de vários estímulos artificiais. Infelizmente, com o recrudescimento da pandemia, esse primeiro trimestre acaba sendo mais desafiador.

Nas próximas semanas, vai haver uma nova revisão do PIB. O viés é de baixa?
AS - Vamos analisar e estudar. Com os dados que temos até hoje, 3 de março, nossas previsões estão mantidas. Mas não tem jeito. À medida que outros estados usem novas restrições de comércio, e se essa tendência persistir, teremos que rever os dados. Temos um carregamento estatístico que vem mais forte por causa do quarto trimestre, mas por outro lado temos o recrudescimento da pandemia. Então não está claro qual o efeito agregado sobre a economia e analisaremos com muita calma.

Quais serão os principais fatores de crescimento em 2021? Quanto depende de questão sanitária e quanto de medidas econômicas?
AS - Hoje, o "driver" do crescimento se resume a três medidas de política econômica: vacina, vacina e vacina. Além disso, o ano de 2021 está muito ligado também à questão fiscal e à continuidade da agenda de reformas.

Por outro lado, há uma desconfiança mais forte no mercado sobre a execução daquilo que a equipe econômica propõe, que é a agenda liberal e das reformas. Até que ponto o mercado deve acreditar que o governo vai implementar esse programa?
AS - A melhor maneira de responder isso é dentro de campo, com resultado. Sei que existem algumas críticas. Mas temos que fazer o mesmo do ano passado. Houve crítica de que o PIB poderia cair 9%, trabalhamos duro e caiu 4,1%. Vamos conversar junto com o Congresso, aprovando a PEC fiscal [Emergencial], e é assim que vamos responder. Basta esperar os próximos dois meses para ver se a agenda está andando. Eu acredito que vai andar.

O senhor publicou em dezembro de 2019 no Twitter uma mensagem apostando um churrasco que a economia ia crescer ao menos 2,5% em 2020. Já não era claro naquele momento que o vírus na China ia afetar nossa economia de maneira mais forte?

AS - Na arena pública, as pessoas vão jogar pedra. Agora, o Focus [boletim com previsões do mercado] estava em 2,3% e alguns analistas apostavam em 3% [na época]. E, entre o que falei e agora, ocorreu a maior pandemia em 120 anos de história. [Mas] desta vez, eu penso antes de apostar em público.

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