Porto Digital de Recife não consegue preencher mil vagas
Parque tecnológico não consegue mão de obra suficiente para preencher as vagas, e está com cursos de qualificação para solucionar o problema
O Porto Digital, o mais relevante parque tecnológico urbano do Brasil, com 328 empresas e faturamento de R$ 1,9 bilhão por ano, tem mil vagas de emprego abertas, com salários iniciais que variam entre R$ 2.500 e R$ 3.000, mas não consegue preenchê-las por falta de qualificação dos candidatos.
Os perfis mais procurados são programadores em início de carreira e engenheiros de software.
O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, explica que há um aumento de demanda significativa em termos de trabalho na área porque muitas empresas estão sendo contratadas justamente para fazer transformação digital em outras que não necessariamente são da área de tecnologia. Ele destaca que o nível de exigência das empresas de tecnologia é bastante elevado. "Ou a gente resolve o problema educacional no Brasil ou a gente não vai se colocar no século 21 de maneira definitiva", diz.
No início de junho, o governo Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que iria cortar mais 2.724 bolsas de pós-graduação. Somadas com as outras 3.474 já haviam sido bloqueadas, em maio, o corte atinge neste ano 6,9% das bolsas de pesquisa financiadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior).
Pierre ressalta que, pelo que sente em contato com as empresas do Porto Digital, normalmente falta o programador qualificado de início de carreira por existir uma demanda crescente, e o Porto tem prioridade para os profissionais na área de Tecnologias da informação e comunicação (TIC).
"Só uma empresa daqui, por exemplo, do Porto Digital, tem 2,5 mil funcionários e vai chegar a cinco mil no ano que vem. A maioria é de programadores em início de carreira que vamos precisar encontrar ou formar", atesta.
Outro perfil em falta é o de engenheiro de software sênior. "O cara que faz produção em alto nível de gerenciamento de grandes equipes para projetos de inovação. Esse cara, na verdade, está faltando no mundo todo", disse.
Em julho deste ano, o Porto Digital lançou um novo Plano de Formação e Capacitação, criando cursos em parceria com instituições do ensino superior, por conta da demanda das empresas encubadas.
Os cursos co-branding são ofertados pelo Centro Universitário Tiradentes (Unit), Fundação Dom Cabral e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). As matrizes curriculares para os cursos foram feitas com participação de um grupo de empresários e empresárias do parque para garantir o crescimento sustentável do polo tecnológico, estimulando a competitividade. Cursos na Unit já foram iniciados, e no próximo semestre cursos da Unicap vão iniciar as atividades.