Qualificação profissional é um dos entraves para a expansão da indústria
Nível atual dos equipamentos também está entre os gargalos
A expansão da indústria pernambucana na última década trouxe para o Estado grandes empreendimentos e criou oportunidades de trabalho em atividades mais qualificadas. A grande geração de empregos, somada à maior exposição da produção local a mercados competitivos ainda inexplorados, impôs um desafio aos setores econômicos: o ganho de produtividade. Pernambuco tem em média 64% da produtividade nacional, de acordo com último levantamento da Consultoria Econômica e Planejamento - Ceplan, de 2010. No caso da indústria de transformação, essa relação é de 56% - um número que revela a baixa competitividade frente ao mercado nacional e, sobretudo, nas relações comerciais exteriores.
Na comparação com outros mercados nacionais mais industrializados, Pernambuco fica para trás. A Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) calcula a seguinte relação: cada trabalhador de São Paulo produz mais do que quatro trabalhadores pernambucanos. O componente histórico aprofunda essas distâncias, aponta o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger. “Nosso mercado era muito fechado até pouco tempo. Mas os investimentos recentes abriram nosso olhar para o mercado internacional, que exige um alto nível de competitividade”, contextualizou.
Há dois entraves principais para o aprofundamento do abismo produtivo em Pernambuco. Primeiro a qualificação da mão de obra local. “Quando você tem uma força de trabalho bem preparada no sentido educacional, isso dá qualidade ao profissional e ao processo produtivo”, opina o economista Jorge Jatobá, acrescentando que esta também é uma realidade nacional.
Outra questão levantada por Essinger é a defasagem de equipamentos das indústrias. Com a crise econômica e a produção industrial em baixa, a capacidade de investimentos dos negócios encolheu. Para se ter ideia, apenas de julho para agosto de 2016, a produção da indústria pernambucana recuou 2,7%, segundo levantamento do IBGE. No acumulado do ano, a retração chega a 14%, ante igual período do ano anterior.
Depois de investir R$ 31 milhões em uma recente expansão da fábrica, com aquisição de novos maquinários, a Bemis, uma das maiores empresas de embalagens plásticas do mundo - com uma unidade em funcionamento em Suape, espera reduzir em 60% as perdas e aumentar em 15% a produtividade na fábrica de Suape. “É preciso foco em eficiência operacional, treinamentos e equipamentos”, comentou o diretor de Operações da Bemis, Manoel Padula.
Em outras palavras, o ganho de produtividade envolve diretamente custos. “Para mantermos esse índice positivo nos preocupamos em oferecer as melhores condições de trabalho e equipamentos”, diz o diretor da ASA Indústria, com fábricas localizadas em Pernambuco, Wagner Mendes.
A inovação é a maior fonte de produtividade, mas sozinha ela não resolve o problema, avalia o economista e sócio diretor da Ceplan, Jorge Jatobá. “Há outros fatores envolvidos nessa equação brasileira e pernambucana, como a infraestrutura ruim, a burocracia e uma legislação onerosa para o empresariado. Tudo isso compromete esse indicador”, argumenta. “É preciso mudanças sistêmicas: uma infraestrutura melhor preparada de estradas, transporte público, energia, relações trabalhistas mais saudáveis, tudo isso influencia não somente no desempenho da indústria, mas também no comércio e em serviços. Além disso, devemos apostar em segmentos nos quais podemos ser mais competitivos. O caso do setor naval em Pernambuco, por exemplo, foi uma decisão equivocada”, acrescenta.
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