Economia

Sociedade civil brasileira participa de reunião na sede das Nações Unidas

Economista e representante as organizações brasileiras Gestos e GT Agenda 2030, Claudio FernandesEconomista e representante as organizações brasileiras Gestos e GT Agenda 2030, Claudio Fernandes - Foto: Divulgação

A comunidade internacional está reunida até esta quinta-feira (28), na sede das Nações Unidas, em Nova York, para o VII Fórum do Financiamento para o Desenvolvimento. O encontro, que começou na segunda (25), busca debater a perspectiva de uma nova grande crise global baseada em dívidas externas de países sem capacidade de pagamento.

Durante a 3ª Reunião Especial de Alto Nível, que ocorreu na tarde de ontem (26) e tratou sobre a garantia de uma recuperação global inclusiva e sustentável, o economista Claudio Fernandes, representante das organizações brasileiras Gestos e GT Agenda 2030, defendeu o aumento de impostos sobre grandes fortunas e tributos sobre grandes transações financeiras para reduzir a especulação e aumentar o espaço fiscal dos Estados-nações sem depender de endividamento sobre endividamento.

"Várias instituições e pessoas vêm há muitos anos pesquisando e desenvolvendo diversas soluções que se fossem adotadas a tempo reduziriam o impacto das crises nas populações mais vulnerabilizadas, as mais afetadas". A declaração é do economista da ONG Gestos Soropositividade e do Grupo de Trabalho Agenda 2030 durante o VII Fórum do Financiamento para o Desenvolvimento, Claudio Fernandes.

O representante do Brasil no fórum destacou que as instituições financeiras internacionais, o FMI e o Banco Mundial, criadas durante a Segunda Guerra Mundial, não têm aprendido com a história nem conseguem encontrar soluções.

"É frustrante, por exemplo, o termo 'mecanismo inovador de financiamento', criado na esteira da crise financeira de 2008 para significar novas fontes de financiamento, como tributos sobre transações financeiras, acabar se transformando em financiamento misto, títulos de dívida atrelados aos ODS (SDG Bonds) e parcerias público-privadas", ressaltou, questionando: "o que há de tão inovador em usar recurso público para garantir o investimento privado e submeter nações soberanas às vontades de oligopólios privados?".

Defensor do aumento de impostos sobre grandes fortunas e tributos sobre grandes transações financeiras para reduzir a especulação financeira, Fernandes lembrou: "ninguém fala mais em aumento de impostos sobre os ricos e bilionários, que se tornaram mais ricos durante a pandemia, mostrando como os mercados de capitais estão descolados da realidade econômica dos países. Enquanto as economias desmoronam, as bolsas regozijam".

O economista reconhece que tributos sobre transações financeiras não são "bala de prata", mas rdefende que eduziriam especulação, transações de alta frequência, e traria liquidez para o Estado que aumentaria seu espaço fiscal sem depender de endividamento sobre endividamento.

No VII Fórum do Financiamento para o Desenvolvimento, que ocorre de forma híbrida, Claudio Fernandes ressaltou que a atual crise de endividamento é preocupante, especialmente quando a inflação volta a ser um fantasma a assustar bancos centrais e depredar ainda mais as condições de vida das populações vulneráveis. 

"O remédio atual, aumento de taxa de juros, tem como consequência uma multiplicação perigosa das dívidas soberanas dos países. Taxa de juros básica é o retorno no investimento de quem compra dívida pública. Ou seja, no momento, corremos o risco de levar a economia mundial para a UTI sob o pretexto de tentar salvá-la, repetindo erros baseados em narrativas que não se coadunam com o estado das coisas nos países", alertou.

 

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