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Tarifaço: Brics vai condenar medidas restritivas ao comércio global

Decisões unilaterais, como imposição de tarifas, podem reduzir ainda mais transações internacionais, alertam líderes dos países do grupo

Declaração dos líderes do Brics vai condenar a adoção de medidas unilaterais, como as tarifas de Donald Trump, que retringem o comércio internacionalDeclaração dos líderes do Brics vai condenar a adoção de medidas unilaterais, como as tarifas de Donald Trump, que retringem o comércio internacional - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

A declaração final da Cúpula do Brics, que começa neste domingo, no Rio de Janeiro, vai trazer críticas ao aumento de ações restritivas ao comércio, sob ameaça de reduzir ainda mais o comércio global.

O texto, ao qual O Globo teve acesso, não faz menção direta ao presidente americano Donald Trump, mas enfatiza que restrições comerciais, a exemplo do "aumento indiscriminado de tarifas e medidas não tarifárias", são uma ameaça às transações internacionais.

"A proliferação de ações restritivas ao comércio, seja por meio do aumento indiscriminado de tarifas e medidas não tarifárias, ou do protecionismo sob o pretexto de objetivos ambientais, ameaça reduzir ainda mais o comércio global, desorganizar cadeias de suprimentos e introduzir incertezas nas atividades econômicas e comerciais internacionais", diz o documento.

Os líderes dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Arábia Saudita) afirmam que o "sistema multilateral de comércio há muito tempo se encontra em uma encruzilhada" e manifestam "sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são incompatíveis com as regras da OMC" (Organização Mundial do Comércio).

Trégua de Trump perto do fim
A declaração vem às vésperas do encerramento da trégua de 90 dias determinada pelo presidente americano para que os países fechassem acordos bilaterais com os Estados Unidos de forma a evitar a imposição de tarifas de importação mais altas. O prazo vai até o dia 9, quarta-feira, enquanto a taxação está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto.

Até aqui, o governo americano anunciou ter alcançado acordos com o Reino Unido e o Vietnã, além de uma trégua com a China.

A busca de novos mecanismos para financiar o desenvolvimento sustentável dos países emergentes e do Sul Global está é outro tema que vem gerando expectativas entre os temas tratados nos debates da cúpula.

Há consenso sobre a necessidade de impulsionar transações em moedas locais, como forma de facilitar o comércio internacional e mitigar efeitos da volatilidade cambial, numa via paralela ao dólar americano.

Novos mecanismos em moedas locais
Na reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, entre sexta-feira e sábado, a presidente da instituição multilateral, Dilma Rousseff, afirmou que é preciso avançar em ampliar transações feitas em moedas locais para reduzir a exposição dos países emergentes à volatilidade do mercado global.

"Devemos fortalecer o financiamento em moeda local, explorar swaps bilaterais, ajudar nossos países membros a reduzir a exposição à volatilidade externa e aprofundar os mercados de capitais domésticos", afirmou ela.

Também o presidente Lula defendeu que o Brics precisa discutir novas formas de financiar o desenvolvimento, defendendo o uso de uma moeda alternativa ao dólar nas transações internacionais: "A discussão de uma nova moeda de comércio é extremamente importante", disse ele, reconhecendo que é um tema complicado e cercado de "problemas políticos".

A criação de uma moeda do Brics, contudo, embora seja um tema sobre a mesa, é vista como um projeto para anos à frente. Se com os cinco membros fundadores do grupo - Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul - já seria complexo, com novos países integrante do Brics esse debate se torna ainda mais desafiador, afirma uma fonte do Itamaraty.

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