Zuckerberg depõe em julgamento contra a Meta. Veja o que disse o dono de Facebook e Instagram
Empresa é acusada de monopólio ilegal sobre partes do setor de redes sociais. Executivo deve ficar no banco das testemunhas pelo resto do dia e grande parte da terça-feira
Mark Zuckerberg prestou depoimento nesta segunda-feira em um tribunal federal nos Estados Unidos como primeira testemunha no julgamento antitruste da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) que busca desmembrar a Meta (dona do Instagram, WhatsApp e Facebook).
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O fundador e CEO da empresa enfrentará perguntas sobre as compras do Instagram e do WhatsApp. A FTC quer forçar a Meta a se desfazer dessas plataformas, alegando que as aquisições concederam à empresa um monopólio ilegal sobre partes do setor de redes sociais.
No interrogatório inicial feito pelo advogado principal do julgamento da FTC, Daniel Matheson, Zuckerberg descreveu os primeiros anos da empresa e reconheceu que rejeitou conselhos para vender a companhia no início, pois não seria possível competir com o MySpace.
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Zuckerberg continuou descrevendo a criação do feed de notícias do Facebook em 2006 para facilitar “conexões reais com amigos de verdade”. Esse uso é fundamental para o argumento da FTC de que a empresa é focada principalmente no compartilhamento de informações entre amigos e familiares.
Mas o CEO da Meta disse que a receita proveniente da conexão entre amigos diminuiu, enquanto outras partes da empresa cresceram mais. Permitir que as pessoas se conectem com amigos e familiares “continua sendo uma de nossas prioridades”, afirmou Zuckerberg. No entanto, “sempre fomos um serviço que permite descobrir e aprender sobre o que está acontecendo no mundo”.
Zuckerberg, de 40 anos, deve permanecer no banco das testemunhas pelo resto do dia e grande parte da terça-feira.
O julgamento começou mais cedo nesta segunda com as declarações iniciais de ambas as partes, sob a presidência do juiz-chefe James Boasberg. Os advogados da agência iniciaram seus argumentos evocando uma longa tradição americana de garantir um mercado competitivo, algo que a FTC acusa a Meta de ter violado.
“Há mais de 100 anos, a política pública americana insiste que as empresas devem competir se quiserem ter sucesso”, disse Matheson em sua declaração inicial. “Estamos aqui porque a Meta quebrou esse pacto.”
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Se a FTC vencer, a separação do Instagram e do WhatsApp desfaria anos de integração entre os aplicativos, afetaria dois dos produtos digitais de consumo mais populares do mundo e poderia eliminar centenas de bilhões de dólares em valor de mercado da Meta. Também levantaria sérias questões sobre como o governo avalia e aprova fusões e aquisições.
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O julgamento deve durar cerca de dois meses e também incluir o testemunho da ex-executiva da Meta, Sheryl Sandberg. A empresa argumentou nesta segunda-feira que enfrenta forte concorrência de vários outros serviços — especialmente à medida que as redes sociais se tornam mais voltadas para entretenimento do que conexões pessoais — e que oferece benefícios comprovados aos seus usuários.
A decisão final dependerá de como as redes sociais serão definidas e se a Meta domina esse mercado.
A FTC focará em como as pessoas se comunicam com amigos e familiares — o que chama de mercado de “serviços de redes sociais pessoais”, que, segundo a agência, é composto principalmente por mensagens e mídia compartilhadas entre contatos próximos.
Múltiplos concorrentes
A Meta tem rebatido as acusações da FTC, alegando que enfrenta intensa concorrência de diversas plataformas, incluindo o TikTok (da ByteDance), o Snapchat (da Snap), o YouTube (do Google), o iMessage (da Apple) e o X (de Elon Musk).
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Em sua fala inicial, o advogado da Meta, Mark Hansen, disse que o caso da FTC “vai contra os fatos e contra a lei”, destacando que, entre todos os concorrentes da Meta, Matheson mencionou o TikTok apenas uma vez.
A agência diz que apenas o Snapchat compete com a Meta, e que vários concorrentes anteriores, como o MySpace, estão agora extintos.
Hansen afirmou que o uso dos aplicativos pelos consumidores mudou drasticamente ao longo do tempo, com uma migração para um consumo mais passivo, como vídeos — com o Reels no Instagram, os Shorts no YouTube e o próprio TikTok.
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Embora a FTC esteja focada no uso das plataformas para comunicação com amigos e familiares, Hansen disse que isso caiu significativamente, com menos de 20% dos usuários da Meta utilizando os serviços com esse propósito em 2025.
Vários executivos-chave da Meta estavam presentes no tribunal nesta segunda-feira, incluindo o chefe de políticas Joel Kaplan, a conselheira jurídica geral Jennifer Newstead e o diretor de marketing Alex Schultz.