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NEGÓCIOS

Zuckerberg diz ter considerado separar o Instagram da Meta em 2018. Entenda por quê

Executivo afirmou que ideia foi cogitada como uma forma de não prejudicar o crescimento do Facebook, sua primeira rede social

Mark Zuckerberg, CEO da MetaMark Zuckerberg, CEO da Meta - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou que considerou desmembrar o Instagram e transformá-lo em uma empresa separada em 2018, à medida que se mostrava cada vez mais preocupado com o fato de o sucesso do aplicativo de fotos e vídeos estar prejudicando sua primeira rede social, o Facebook.

Zuckerberg, que está testemunhando pelo segundo dia consecutivo no julgamento antitruste da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), disse ter refletido sobre se a Meta Platforms — que ainda era chamada de Facebook — “deveria considerar a medida extrema de desmembrar o Instagram como uma empresa separada”.

A Meta é dona de Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. Zuckerberg reconheceu que acreditava que a Meta poderia ser desmembrada nos próximos 5 a 10 anos, e que valia a pena explorar se deveriam se antecipar a esse possível desfecho. Ao explicar seu raciocínio no tribunal, Zuckerberg disse que precisava “levar em conta a direção que a política parecia estar tomando na época”.

Em maio de 2018, Zuckerberg escreveu a seus principais executivos: "Estou começando a me perguntar se desmembrar o Instagram é a única estrutura que permitirá alcançar vários objetivos importantes."

Um dos benefícios, segundo ele, seria reduzir o “imposto estratégico” de tentar coordenar os dois aplicativos e mantê-los funcionando em conjunto.

Outro benefício seria “parar imediatamente de fazer o Instagram crescer artificialmente de uma forma que prejudica a rede do Facebook”, continuou ele. Na época, o Facebook mostrava aos usuários se uma foto em seu feed de notícias vinha do Instagram, com um link para o aplicativo.

— Novamente, não estou dizendo que devemos realmente fazer isso agora — escreveu ele. — Mas ao considerar essa possibilidade, devemos ter em mente que há uma chance real de que todo o nosso esforço para construir uma família de aplicativos seja algo que não vamos conseguir manter.

As mensagens vieram à tona como parte do julgamento antitruste da FTC contra a Meta, que começou na segunda-feira e deve durar pelo menos oito semanas. A FTC alega que as aquisições do Instagram e do WhatsApp pela Meta, em 2012 e 2014 respectivamente, ajudaram a empresa a criar um monopólio no setor de redes sociais.

Zuckerberg foi interrogado pelo advogado da FTC Daniel Matheson e questionado sobre o relacionamento do Facebook com o Instagram após a aquisição. E-mails e outros documentos internos mostram que Zuckerberg ficou frustrado com o fato de o Instagram se beneficiar do Facebook sem dar retorno suficiente à empresa.

Em certo momento, ele ordenou aos executivos que colocassem mais anúncios no Instagram para que o Facebook não arcasse com tanto do peso comercial. Ele também interrompeu algumas promoções dentro do app do Instagram no Facebook para evitar que o tráfego de usuários da rede social principal fosse desviado para o Instagram, mostram os documentos.

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