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Gerações

Ancestralidade: uma história que remonta ao século 19

Do britânico Edward Brennand originou uma caminhada que atravessou gerações, criando e desenvolvendo a atividade econômica

Cornélio Brennand (centro) e técnicos alémãsCornélio Brennand (centro) e técnicos alémãs - Foto: Reprodução

Quase um século viveu Cornélio Brennand. Mais de um século tem o grupo que ajudou a fundar. Pensado para atravessar múltiplas gerações.

Daí ser mais do que uma expressão de otimismo o título do livro biográfico escrito por Ignácio de Loyola Brandão. É a afirmação de princípios, meios e objetivos: Grupo Cornélio Brennand.

Diversificação

Transcorridos nove anos, desde o lançamento da obra, os negócios não param de se diversificar, expandir e crescer. Dos vidros planos à geração de energia através de fontes renováveis, do cimento ao desenvolvimento imobiliário. Sinal de que a família continua com o mesmo ímpeto realizador de seus ancestrais. Cumprindo algo como aquela ideia ambiciosa definida por um poeta da última fase do romantismo: “Talhado para as grandezas, pra crescer, criar, subir. O Novo Mundo nos músculos. Sente a seiva do porvir.”

A história dos Brennand começa de modo realmente meio romântico, ainda no século 19. Na verdade, tempos de transição para um realismo mais exigente. Com um certo Edward Brennand, de origem britânica, que embarca na aventura de migrar para o Brasil.

O segundo capítulo dessa história já a conta um ato de generosidade: uma rica herdeira de antigos senhores de engenho, Maria da Conceição do Rego Barros de Lacerda, sem filhos, faz de Ricardo Brennand seu herdeiro. A partir desse gesto começa uma parte da fortuna dos Brennand. Como na parábola bíblica dos talentos, eles nunca deixaram de multiplicar o que receberam, e acrescer novas ideias e negócios. Foi o que fizeram Ricardo e Antônio Luiz.

O terceiro capítulo é a bela história da amizade e confiança entre dois primos: Ricardo e Cornélio. A partir deles – que desdobram e aperfeiçoam o que antes tinham feito Ricardo e Antônio – a economia e a cultura se abasteceram e se robusteceram de açúcar, cerâmica, azulejo, aço, vidro, cimento, artes, coleções etc. Por isto mesmo, ao homenagear Cornélio, o escritor Joaquim Falcão, que biografou Ricardo Brennand, conecta, alia, conjuga os tantos Brennand:

“Cornélio, Ricardo e Francisco Brennand moldaram a cultura, o empresariado, a inovação e a ousadia não só de Pernambuco, mas ambiciosamente, desde então, foram além do local, avançaram ao global. Os três são exemplos a ser seguidos por gerações e gerações.”

Assim tem sido. A partir de um princípio que é a marca das empresas do Grupo Cornélio Brennand: a qualidade. Daí a importância que sempre deram à tecnologia. Da primeira geração à atual.  Embora sua origem seja à da primeira bem-sucedida indústria em Pernambuco – a do açúcar – decidiram apostar fortemente em outras fábricas e materiais: de porcelana, de vidro, de energia e do que mais venha. Se o usineiro – como o sertanejo – é, antes de tudo, um forte, o industrial que diversifica tanto, como o fez Cornélio Brennand, parece inabalável.

Por mais que se enfatize o elemento Terra em seu DNA de empreendedor, é o Fogo a melhor forma de defini-lo. Não apenas porque “os azulejos eram como pão quente de padaria, saíam do forno, não chegavam a esfriar, era fazer e vender”, como certa vez disse Cornélio. Tampouco porque do Fogo também dependem o cimento, o aço, a cerâmica, o vidro. E sim porque sem toda a chama, passada de geração a geração, como uma tocha olímpica, não teria sobrevivido o grupo todo este tempo. Sobretudo no Brasil, onde muitas empresas perecem ainda nas primeiras dentições, e as de família raras vezes ultrapassam o segundo ciclo.  

Terceira geração

Faz meio século já a terceira geração assumiu os principais postos no Grupo. Talvez um marco disso seja o ano de 1975, quando Cornélio levou o seu filho homônimo para estagiar na IASA. Ele era ainda um estudante de engenharia civil. Numa época em que os Brennand já dominavam ao menos uma dúzia de fábricas. 

Uma das qualidades indiscutíveis dos Brennand é a estratégia. Na expansão e consolidação dos negócios, com prudência, mas também ousadia, tanto sabiam e sabem construir quanto adquirir. O segredo: perceber o momento certo e o contexto do mercado. Valorizando as indústrias que administram: sempre altamente tecnológicas, e fazendo render ao máximo cada ciclo. 

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