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Pernambuco é hub estratégico no cenário logístico nacional e internacional

Com localização privilegiada e avanços em infraestrutura, o Estado consolida sua posição como elo essencial entre o Brasil e o mundo

A presença da Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape, fortalece a posição pernambucana como elo da RegiãoA presença da Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape, fortalece a posição pernambucana como elo da Região - Foto: Divulgação/RNEST

A localização privilegiada, no coração do Nordeste e próxima a mercados globais, como Estados Unidos, Europa e países do Atlântico, aliada aos avanços recentes em infraestrutura tem reforçado cada vez mais Pernambuco como um ponto estratégico no cenário logístico nacional e internacional. Com destaque para o Porto de Suape, o Aeroporto Internacional do Recife e investimentos em rodovias e ferrovias, o Estado busca consolidar sua posição como elo essencial entre o Brasil e o mundo.

História

De acordo com o presidente da Câmara de Logística de Pernambuco, Pedro Macedo, esse papel não é recente e possui registros históricos. 

“O Estado possui características históricas e estruturais que o consolidaram como um hub logístico. O Porto de Suape é um exemplo marcante, sendo um dos principais do País, especialmente na movimentação de granéis líquidos, como combustíveis. A presença da refinaria também fortalece essa posição estratégica. Além disso, a proximidade geográfica com o Canal do Panamá, os Estados Unidos e a Europa tornou Pernambuco um ponto de conexão relevante para o comércio internacional”, destaca.

Foi no Estado, por exemplo, onde surgiu o primeiro porto comercial do País durante o ciclo do açúcar. Esse período consolidou a vocação logística do Estado desde cedo, conectando engenhos às áreas urbanas e fomentando o desenvolvimento de estradas e portos. 

Com o tempo, a diversificação econômica incluiu ainda setores como o têxtil e o metalúrgico, fortalecendo os polos industriais e impulsionando novas conexões logísticas.

Pedro Macedo, presidente da Câmara de Logística de PernambucoPedro Macedo, presidente da Câmara de Logística de Pernambuco | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco



De acordo com o secretário-executivo de Atração de Investimentos de Pernambuco, Maurício Laranjeira, o período consolidou a vocação logística do Estado desde cedo.

“A economia açucareira foi um dos pilares centrais para o desenvolvimento da infraestrutura logística do Estado. Desde o Brasil Colônia, Pernambuco foi pioneiro em integrar o campo e os centros urbanos por meio de portos e estradas, algo que moldou sua identidade econômica ao longo dos séculos”, ressalta.

Estrutura

Outros fatores estruturais mais recentes incluem também a rede de aeroportos, como os de Recife e Petrolina, que possuem infraestrutura adequada tanto para transporte de passageiros quanto para cargas.

“No aeroporto do Recife, a modernização dos terminais de carga aumentou a capacidade e a eficiência no manuseio de produtos, especialmente, no setor farmacêutico e de tecnologia, com alto valor agregado. Vale ressaltar a grande malha aérea do terminal, fazendo dele um hub nacional e internacional de distribuição”, explica o secretário. 

Maurício Laranjeira, secretário-executivo de Atração de Investimentos de PernambucoMaurício Laranjeira, secretário-executivo de Atração de Investimentos de Pernambuco | Foto: divulgação



Os investimentos recentes em infraestrutura reforçaram a competitividade do Estado. O Porto de Suape, preparado para receber navios New Panamax, é um dos principais portos brasileiros. Projetos como a construção do segundo terminal de contêineres pela APM Terminals e a dragagem do canal interno também são marcos estratégicos.

A economista Tânia Bacelar destaca o impacto da consolidação do Porto de Suape, com atenção ao hub de cabotagem; a duplicação da BR-232, do litoral às bordas do sertão; a duplicação da BR-101, facilitando a inserção de Pernambuco nos movimentos de mercadorias e pessoas no sentido Norte-Sul do País; e a consolidação do Trevo do Ibó, por onde passa a BR-116, que faz a ligação Norte-Sul “por dentro” e articula ao norte com o Ceará.

Posição

A posição central no Nordeste oferece a Pernambuco oportunidades únicas, como a expansão da infraestrutura de galpões logísticos para atender ao crescente e-commerce. Segundo Macedo, “a ampliação de centros de distribuição reforça a vocação logística do Estado”.

No cenário internacional, Pernambuco se beneficia das mudanças nas cadeias globais de suprimentos. Bacelar aponta que o Estado precisa explorar fluxos comerciais com a Ásia, especialmente a China, seu maior parceiro comercial. Segundo ela, a criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Suape pode ampliar as conexões globais.

Ocupando o segundo lugar na atração de investimentos estrangeiros no Nordeste, atrás apenas da Bahia, Pernambuco tem se destacado nos segmentos industriais de bebidas, alimentos e automotivo. Segundo explica Bacelar, esse protagonismo ocorre em um contexto de profundas transformações no comércio internacional, aceleradas pelas mudanças nas cadeias globais de produção e abastecimento, especialmente após os impactos econômicos da pandemia da Covid-19. 

“A ascensão da China e da Índia como polos econômicos no Pacífico reconfigurou os fluxos comerciais globais, trazendo novos desafios e oportunidades para o Brasil”, detalha.

No cenário sul-americano, um bloco significativo de investimentos, centrado na infraestrutura ferro-portuária, deverá redefinir as rotas de integração regional nos próximos anos, embora com forte concentração nas regiões Sudeste e Sul do País, deixando o Nordeste, inclusive a Bahia, em alerta. 

O setor de energias renováveis também desponta como promissor. Maurício Laranjeira destaca que “a logística será crucial para o transporte de componentes pesados e de alta tecnologia”,  com o Estado aproveitando os avanços na energia solar e eólica.

Bacelar explica ainda que as oportunidades são muitas e os setores podem continuar se expandindo.

“Obviamente, num país da dimensão territorial do Brasil, a distribuição de mercadorias entre as regiões é lastro central, e portanto, quem mais se beneficiou foi a atividade de comércio interno de mercadorias. Mas o comércio externo também se ampliou, nos anos recentes, no Estado. Nesse caso, as exportações do setor automotivo - automóveis e baterias -  são, sem dúvida, destaque”, analisa.


 

Economista Tânia BacelarEconomista Tânia Bacelar | Foto: Ivan Alecrim




Estratégias

Para Pedro Macedo, Pernambuco precisa investir em infraestrutura integrada e sustentabilidade para consolidar sua posição no mercado nacional e internacional. Ele destaca a modernização da Transnordestina, conectando Suape a regiões produtoras, como um passo essencial.

“A conectividade ferroviária também é uma oportunidade crucial. Apesar de a Ferrovia Transnordestina ter sido projetada inicialmente para atender à mineração, sua expansão pode integrar portos e facilitar o transporte de cargas como grãos e combustíveis. Essa integração logística é fundamental para aumentar a competitividade de Pernambuco no mercado nacional e internacional”, pondera.

Ainda segundo Macedo, os principais desafios incluem a necessidade de investimentos em infraestrutura, especialmente em rodovias e ferrovias. “Nenhuma grande operação portuária no mundo opera de forma eficiente sem essa integração”, afirma.

Além disso, políticas públicas de interiorização do desenvolvimento, com foco no Agreste e Sertão, podem descentralizar o progresso econômico.

Outro ponto fundamental é a promoção de investimentos tecnológicos e digitais. Segundo Tânia Bacelar, a expansão da infraestrutura de telecomunicações e o fortalecimento do Porto Digital são cruciais para sintonizar o estado com padrões produtivos do século 21.

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