OPÇÃO

Bioquerosene é saída para reduzir poluição produzida por aviões

Dois por cento das emissões de gases de efeito estufa são originadas da aviação civil. Investir em biocombustíveis é alternativa limpa

Donizete TokarskiDonizete Tokarski - Foto: Folha de Pernambuco

Aproximadamente 2% das emissões globais de gases de efeito estufa são emitidas pelo setor da aviação civil mundial. Para reduzir esse percentual, empresas de aviação de 192 países, incluindo o Brasil, têm, a partir do próximo ano, que neutralizar o crescimento dessas emissões. A penalidade para quem não reduzir será pagar mais caro pelo uso do querosene fóssil. Nesse cenário, investir na produção de combustíveis sustentáveis, a exemplo do bioquerosene da aviação civil (Bioqav), é a alternativa para cumprir os acordos ambientais firmados, como o de Paris, feito em 2015. No entanto, a falta de um marco regulatório no Brasil, nos modelos do exitoso RenovaBio, pode retardar os efeitos práticos da implantação desse biocombustível.

Devido à relevância e à urgência de uma solução em torno da problemática, o assunto foi pauta da palestra do diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, no Fórum Nordeste 2019. De acordo com ele, o Brasil tem a maior possibilidade para desenvolver a indústria do Bioquerosene e em especial na região Nordeste, em função da disponibilidade de matéria-prima para a produção do biocombustível. “O que é preciso de fato é uma articulação que traga a possibilidade do desenvolvimento dessa indústria.

O bioquerosene é um produto igual ao querosene fóssil. Ele o substitui integralmente. Nós podemos fazer com que essa indústria, em poucos anos, permita à sociedade desfrutar de um combustível renovável para a aviação”, explicou Tokarski. Mediadora da palestra, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Amanda Gondim, ressaltou a necessidade de um marco regulatório para alavancar a produção do bioquerosene. “Seria interessante a criação de um programa para o BioQav aproveitando a experiência extremamente positiva com o PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel), com foco em benefícios à agricultura familiar, desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste (arranjo sócio/econômico/ambiental) e políticas diferenciadas e indutoras”, comentou Gondim.

Convidado por Tokarski, o professor de engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Donato Aranda, destacou que o cenário de avanço de produção do bioquerose deve ser iniciado em pouco tempo. "Se olharmos para trás e lembrarmos que há 12 anos não tínhamos, como agora ocorre com o bioquerosene, nenhuma fábrica de biodiesel no Brasil e hoje já contamos com mais de 50, que produz cerca de 50 bilhões de litros do biodiesel, dá para entender que a implementação do bioquerosene não vai demorar.”

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