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Presente e futuro escritos em uma trajetória

Cornélio Brennand ensinou à família o que aprendeu de seu pai: dedicação, convicção e liderança

Cornélio Brennand ensinou à família o que aprendeu de seu pai: dedicação, convicção e liderançaCornélio Brennand ensinou à família o que aprendeu de seu pai: dedicação, convicção e liderança - Foto: Reprodução

Se o estilo é o homem, como queria o conde de Buffon, é justo também dizer que o homem é o estilo. Qual então o de Cornélio Brennand? Aquele de profundas raízes pernambucanas e, ao mesmo tempo, acima do seu tempo, e até do seu espaço. Considerava a terra algo sagrado. A sua alma de pecuarista reflete a “anima” não apenas pelo território, o que nele é produtivo, fecundo, forte.

Embora suas origens remontem à aristocracia rural, não seria correto limitá-lo ao campo, ou mesmo a um só campo.  Ele estendeu a sua capacidade empreendedora a muitos negócios e lugares. Situá-lo só no mundo urbano, onde prosperou e expandiu cada iniciativa, até agigantar-se fora das fronteiras regionais, seria, mesmo assim, incompleto. Ele era um rurbano, para citar a expressão inventada por Gilberto Freyre. Sendo rurbano, intrinsecamente ecológico, ou, seja, do presente-futuro.

Energia renovada

Cornélio Brennand era um homem da energia, duplamente. Traduzindo: enérgico, sem perder a leveza e a elegância. Tinha o respeito ao outro como um dos princípios de vida. Também na energia está uma das melhores e mais bem-sucedidas iniciativas suas nos empreendimentos tão diversos a que se dedicou. A energia renovável, renovada, como a sua.

Tinha em comum com o seu primo Ricardo – parceiro por décadas nas indústrias – a firmeza de caráter e a inteligência prática. Uma palavra-chave que o define? Liderança. A ela pode remeter-se quem veja nele um sentido de unidade e coerência: na individualidade, na família, na economia do seu país. Significa que as vidas pessoal e profissional dele estão de tal modo interligadas que parecem feitas da mesma substância: inseparáveis. 

Vida inteiriça, longa e completa quanto o seu próprio nome: Cornélio Coimbra de Almeida Brennand. Movido a paixão. Que inspira as novas gerações, mas que é resultado da uma linhagem, contínua. Daí que haja sido uma fala sua sobre o pai a escolhida pelo seu biógrafo, o escritor Ignácio de Loyola Brandão para a epígrafe do livro que, sendo a biografia do grupo CB é, ao mesmo tempo, a do seu líder e inspirador:

“Meu pai nos ensinou a nunca raciocinar apenas em termos de quanto você vai ganhar ao começar um negócio. O fundamental é dedicar-se ao que criou, cheio de convicção, com garra, determinação. Trabalhar dia e noite, mês a mês, ano a ano, para conseguir aquilo que idealizou e planejou. Quando você vê, o sucesso vem, e os recursos entram. É a maneira pela qual os negócios retribuem sua dedicação.”

Tal pai é o que dá nome ao Instituto Ricardo Brennand – propositadamente escolhido pelo seu homônimo (o primo e sócio por tanto tempo de Cornélio) para batizar o maior e melhor espaço particular dedicado à arte e à história no Nordeste. Porque Ricardo, o “Taciturno”, como gostava de ser chamado, era também um colecionador e apreciador das artes.
 
Formação

A formação de Cornélio se deu, primeiramente, com uma preceptora em casa. Depois, no Rio de Janeiro, no melhor colégio de lá, na época (1937), o Aldridge. Logo, no São Vicente de Paula, em Petrópolis (no lugar onde está atualmente o Museu Imperial). Dois anos depois, regressa ao Recife, e vai estudar no Marista.

Uma década após, se casa com Helena Carneiro da Cunha. Tiveram sete filhos: Luiz Felipe, Helena, Mariana, Cornélio Filho, Carlos Eugênio, Tereza, Maria Eduarda. A esposa, forte e realista, teve um papel essencial em sua vida. Foi a influência benéfica de todas as horas, alimentando a tranquilidade e o equilíbrio para ele desenvolver o seu trabalho como empreendedor.

Não cursou universidade, mas fez questão de que cada filho se formasse, pela importância que dava ao estudo, ao preparo para a vida não apenas intelectual, real, do trabalho. Sucessão e sucesso, neste caso, é mais do que um jogo de palavras: o sentido da vida de um dos maiores empresários brasileiros nos séculos XX e XXI. 

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