A um ano da abertura, Olimpíada de Tóquio ainda enfrenta temores
Evento, que teria cerimônia de abertura realizada nesta sexta-feira, vive diante de incertezas
Em circunstâncias normais, o início dos Jogos Olímpicos 2020 seria oficializado na cerimônia de abertura amanhã. Mas a realidade é bem diferente. A partir de hoje é iniciada a contagem de um ano para o começo do evento, após o adiamento – inédito em sua era moderna – para 2021 em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Porém, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o governo do Japão já temem uma nova prorrogação ou até mesmo o cancelamento da Olímpiada pela falta de segurança sanitária, apenas possível de ser alcançada por meio de uma vacina.
As entidades organizadoras já declaram publicamente a possibilidade do entrave se concretizar. Em entrevista à emissora NHK, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, Yoshiro Mori, alertou que "se a situação do coronavírus continuar como está, não será possível (realizar o evento)”. Segundo ele, a vacina não irá solucionar todos os problemas, mas é o ponto de partida. “Especificamente, desenvolver uma vacina ou um medicamento é o primeiro passo", apontou.
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A apreensão das autoridades reflete o que a população japonesa não vê com bons olhos. Um levantamento publicado no último fim semana, pela agência de notícias japonesa Kyodo, aponta que a maioria dos entrevistados expressaram preocupação sobre os Jogos de 2021 e desejam que não seja realizado no país. De acordo com a sondagem, 36,4% dos ouvidos são a favor do adiamento, enquanto 33,7% consideram que o evento deve ser cancelado. Os defensores do veto não acreditam que a Covid-19 esteja controlada a ponto de tranquilizar atletas e japoneses. Apenas 23,9% não se opõem à ocorrência da Olimpíada.
Dessa forma, a comunidade olímpica se une na torcida pelo sucesso das pesquisas e pela produção das vacinas antes dos Jogos se aproximarem. Na última segunda-feira, surgiram notícias que renovam a esperança nesse sentido. A revista Lancet divulgou que a vacina produzida por cientistas da universidade de Oxford, na Inglaterra, se mostrou eficiente em 91% dos casos. Os estudos se encontram agora da terceira e última fase de testes. O laboratório chinês CanSino também é outro que avança nos estudos e planeja testar em larga escala em breve.
Uma medida adotada por inúmeros eventos esportivos ao redor do mundo é restringir a presença do público. Para as Olímpiadas de Tóquio, se cogita o comparecimento apenas de espectadores japoneses. Mas, se depender do membro mais antigo do COI, Dick Pound, isso não será implementado. "Eu acho que não será uma Olimpíada do jeito como conhecemos. Nós não sabemos com serão as restrições a viagens internacionais (em 2021)”, disse. Pound ainda foi taxativo com as chances de a capital japonesa permanecer sede. “Eu acho que a única chance de os jogos serem sediados em Tóquio é em 2021”, completou.