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Arbitragem: com pressão, polêmica e, por enquanto, sem replay

Eis o drama da arbitragem do futebol brasileiro, envolvida em discussões que trazem à tona o debate sobre o uso do vídeo

Show a LunaShow a Luna - Foto: divulgação

 

Em março deste ano, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, afirmou que a entidade pretendia no futuro começar a testar o uso de replays para lances duvidosos em jogos de futebol. Mas enquanto a medida não é aplicada, o debate sobre a interferência da tecnologia no esporte segue a todo vapor. O tema voltou a ser discutido após o Fla-Flu da 30ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Os tricolores acusaram o árbitro Sandro Meira Ricci de invalidar um gol após receber informação externa indicando que o replay mostrava o atleta do Tricolor das Laranjeiras em posição irregular. Inclusive, o clube conseguiu a anulação temporária do jogo, mas o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acabou arquivando o pedido e manteve os pontos do Urubu. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que colocará um árbitro de vídeo apenas no final de 2017. Até lá, a polêmica e a pressão sobre a arbitragem continuam.
Lances como o do Fla-Flu e de outros jogos do Brasileirão 2016 envolvendo impedimentos, faltas ou jogadas que gerem dúvidas na arbitragem poderiam ter um final diferente. A CBF indicou que gostaria de usar o recurso desde maio deste ano, mas não recebeu o sinal verde da Fifa. A Confederação pretende utilizar um sistema próprio, sem depender de emissoras de TV que estejam transmitindo o Brasileirão. O investimento nesta tecnologia pode beirar os R$ 20 milhões.
“Esse recurso dará legitimidade ao resultado da partida. Mas ele deve ser utilizado apenas em lances de exatidão: dizer se foi gol ou não, se houve impedimento ou identificar se a bola saiu da linha de campo. Mas não em um caso de pênalti, por exemplo. Essa é uma jogada de interpretação e usar o replay, nesse caso, tiraria a naturalidade do futebol”, afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem de Pernambuco, Salmo Valentim. O mandatário também comentou que, com os acontecimentos recentes envolvendo a interferência da tecnologia nos jogos, os profissionais do apito entrarão em campo com uma cobrança extra.
“Sem dúvida eles estarão mais pressionados. Antes, você demorava uma semana para ver o replay. Agora, ainda no gramado, o jogador já sabe como foi o lance. Mas vale lembrar que nossa arbitragem é amadora. O melhor seria investir no material humano porque hoje não há profissionalismo na área”, alertou.
Se aprovado, o recurso funcionará da seguinte maneira: em todas as partidas haverá um assistente com acesso aos vídeos. Se o árbitro quiser, poderá parar um lance e pedir para observar o replay. O profissional indicado para ficar com a ferramenta também tem como acionar o homem do apito caso perceba alguma infração. O recurso será permitido em quatro situações: identificar casos de impedimento que ocasionem diretamente um gol, perceber se a bola ultrapassou a linha, além de lances de expulsão e marcação de pênalti. A International Board fará uma reunião para definir os torneios que passarão pelos testes, mas o Campeonato Brasileiro deve entrar na lista. O encontro acontecerá em março do próximo ano, em Londres.

Aplicação
Países como Holanda e Itália já demonstraram interesse em contar com a tecnologia, mas foi outra nação que utilizou a ferramenta de modo experimental pela primeira vez. Em agosto deste ano, o recurso de vídeo para os árbitros foi usado em um jogo oficial entre o New York Red Bulls II e o Orlando City, pela United Soccer Leagues (USL). O zagueiro Conor Donovan, do Orlando, derrubou Junior Flemmings perto da área. O juiz marcou falta, mas ficou na dúvida e acionou o replay. Após rever a jogada, ele confirmou a infração e deu vermelho para o defensor. O uso do Video Assistant Referee (VAR) - ou “árbitro assistente de vídeo”, em tradução livre - já ocorre em outros esportes como tênis, futebol americano, vôlei e basquete.

 

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