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ARGENTINA

"Assim morreu Maradona": vídeo mostra reação da ex e das filhas de ídolo à foto do corpo

Sete profissionais de saúde vão a julgamento sob acusação de agirem com negligência nos dias anteriores ao falecimento do ídolo argentino

Ex-mulher e filhas de Diego Maradona, à direita na imagem, assistem à fala inicial do subprocurador de San Isidro Patricio Ferrari Ex-mulher e filhas de Diego Maradona, à direita na imagem, assistem à fala inicial do subprocurador de San Isidro Patricio Ferrari  - Foto: Reprodução

Num dos momentos mais impactantes do primeiro dia de julgamento de sete suspeitos de agirem com negligência e contribuírem para a morte de Diego Maradona, o procurador-geral adjunto de San Isidro Patricio Ferrari aproximou-se dos juízes Verónica Di Tommaso, Maximiliano Savarino e Julieta Makintach, do Juizado Penal n.º 3 de San Isidro, e mostrou uma foto.

Foi assim que Maradona morreu disse ele.

A imagem mostrou o ídolo já sem vida, anormalmente inchado, com um tubo na boca e sinais dos últimos esforços para tentar salvá-lo ao meio-dia de 25 de novembro de 2020. Um vídeo captado durante a fala inicial do procurador-geral adjunto mostra a reação da ex-mulher de Maradona Veronica Ojeda e das filhas dele Jana, Dalma e Giannina ao gesto do MP. Veronica e Jana observam, com o semblante fechado, enquanto Dalma e Giannina choram e apertam as mãos uma da outra.

Patricio Ferrari ficou responsável por delinear, em fala inicial, as diretrizes da acusação.

 

Estamos aqui pelo crime que teve Diego Maradona como vítima. Com as provas produzidas no julgamento, vocês [referindo-se aos juízes] e a sociedade conhecerão uma acusação sólida e impecável. O direito à verdade é um direito. Hoje Diego Armando Maradona, seus filhos, seus familiares e o povo argentino merecem justiça destacou.

Em seguida, ele se referiu às duas semanas que Maradona passou em uma casa no bairro privado de San Andrés, em Tigre, após ter sido operado de um hematoma subdural pelo neurocirurgião Leopoldo Luque, principal réu no julgamento.

Ele foi internado naquele local para reabilitação clínica e internação domiciliar, o que hoje, sem dúvida, podemos dizer que foi calamitoso. Uma hospitalização imprudente, precária e sem precedentes. Não foi elaborado nenhum protocolo para realizar essa intervenção temerária no teatro do horror que era a casa onde Maradona morreu, onde ninguém fez o que tinha que fazer disse Ferrari.

O promotor definiu a equipe formada por Luque "como médico de família ou de confiança"; a psiquiatra Agustina Cosachov; o psicólogo Carlos Díaz; os médicos Nancy Forlini (coordenadora médica da Swiss Medical) e Pedro Spagna (da empresa Medidom, responsável pelo atendimento de enfermagem domiciliar); o coordenador de enfermagem Mariano Perroni e os enfermeiros Ricardo Almirón e Gisela Madrid como um grupo "improvisado".

Ferrari disse que todos eles "assumiram voluntariamente o papel que lhes cabia durante o confinamento domiciliar, descumprindo todos os seus deveres", aumentando assim "o risco permitido de provocar a morte de Maradona, resultado que imaginaram e ao qual foram absolutamente indiferentes".

O representante do Ministério Público detalhou, por exemplo, que "Luque guardava o histórico médico de Diego Armando Maradona em folhas soltas sobre a lareira de sua casa no sul da província de Buenos Aires" e que "Cosachov e Díaz forneciam medicamentos psiquiátricos cuja prescrição era baseada em um pedaço de papel colado na geladeira da casa onde Maradona estava".

Quem disser que não percebeu o que estava acontecendo com Diego está mentindo descaradamente. O estado [dele] era eloquente. Qualquer um que pense que algum de seus parentes o viu assim, deitado na cama por vários dias... estará mentindo se não lhe disser que ele foi morto ressaltou Ferrari.

Os acusados negam ter agido com negligência e atribuem a morte de Maradona a um "colapso geral" do organismo do ídolo.

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