Esportes

Conheça Conceição, uma história de amor à educação física

Professora aposentada é inspiração para profissionais da área, que têm sua data celebrada neste domingo

Conceição ensina natação para pessoas com deficiênciaConceição ensina natação para pessoas com deficiência - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Do Discóbolo de Miron, a famosa estátua grega que encena um lançador de disco, ao equilíbrio entre o corpo e a mente, os profissionais de educação física resistem a mais um ano de vida. Neste domingo, dia 1º de setembro, é comemorado o dia da classe, instituído em 2006. A data coincide com a publicação da Lei Federal nº 9696, de 1998, que regularizou a profissão no País e criou os Conselhos Federais e Regionais de educação física.

E com motivos de sobra para se juntar à categoria, Maria da Conceição Barroca Medeiros, 62, se apressou no feito. Com 37 anos de experiência na área esportiva, Ceça, como é conhecida no meio, começou a trabalhar como professora de educação física antes mesmo de a profissão ser reconhecida no Brasil. Por ironia do destino, foi também no dia 1º de setembro, em 2011, que sua aposentadoria foi aprovada. Se engana, no entanto, quem pensa que Conceição utilizou o benefício como desculpa para encerrar a carreira.

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“Me aposentei com mais idade e mais tempo de serviço do que deveria. No ano seguinte (2012) peguei um contrato, o oitavo de lá pra cá. O regulamento só permite até oito, mas se no próximo ano abrir de oito para nove, Conceição vai ficar”, disse ela, que leciona em uma escola da rede estadual de ensino, em Santo Amaro, no Centro do Recife.

A grande quantidade de contratos pós-aposentadoria foi mais um incentivo para a profissional seguir fazendo o que escolheu como profissão. Por amor ao esporte e, principalmente, às pessoas, a professora continuou no ramo. Também atua como professora voluntária de natação adaptada em um projeto de extensão da Universidade de Pernambuco (UPE), o Programa de Atendimento a Pessoa com Deficiência (PAPD). Fundado em 1996, o PAPD é voltado para alunos com deficiência da rede estadual de ensino e idosos.

A partir de então, Conceição dividiu a vida entre a sala de aula e as piscinas do PAPD. No que diz respeito à quebra de limites, Ceça é especialista no assunto. No início de sua criação, o programa possuía vínculo com o Departamento de Pós-Graduação da Universidade e recebia apoio de outros projetos, como do Instituto Ayrton Senna. Mas devido à perda de incentivo e de voluntários, que são os próprios alunos de educação física da UPE, o PAPD caiu sobre as costas de Conceição e de seu companheiro de profissão, João Ferreira, também aposentado e voluntário. O projeto, portanto, passou a caminhar com as próprias pernas e com a ajuda de poucas mãos.

As dificuldades encaradas no projeto se assemelham à realidade da sala de aula. “Quando a gente entra numa sala e encontra 45 alunos e que tem dois especiais, há uma dificuldade para trabalhar na educação física, porque você tem uma bola ou uma corda. Agora melhorou um pouquinho. Estamos tendo mais formação e mais coisas que nos ajudam na inclusão. Antes, tudo eu adaptava. Pegava pedaços de espaguete para fazer corrida. Alguns tapetes que eu arrumava”, relatou. “Falta material, sempre faltou, mas a gente precisa criar um pouquinho”, incentivou.

A árdua trajetória nunca impediu Ceça de fazer o diferencial na vida de pessoas que, muitas vezes, são invisíveis na sociedade. “É uma sensação maravilhosa. Já estive nas casas deles, fiz entrevista, filmagem, enviei trabalho para fora mostrando esse trabalho (o PAPD). É uma satisfação muito grande, porque você vê a realidade deles evoluindo”, contou.

Maricleide do Monte, 53, aluna do projeto há 19 anos, teve poliomielite infantil aos nove meses de idade e desde criança anda sobre uma cadeira de rodas. Ela é um dos vários exemplos de que o esforço de Conceição e de muitos outros professores de educação física podem surtir efeito de transformação, sobretudo, na forma como as pessoas se enxergam como seres humanos. “Não tenho a memória de que um dia andei. Na piscina é onde eu consigo me mexer e diminuir as dores. É o único lugar em que eu posso caminhar. A sensação é de que você pode se movimentar sozinha. A sensação é de que você pode se movimentar por onde for”.

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