Futebol

Corinthians anuncia naming rights e estádio vai se chamar Neo Química Arena

Anúncio da venda dos naming rights da arena ocorre quase nove anos depois da primeira promessa feita pelo presidente do Alvinegro, Andrés Sanchez

Andrés Sanchez, presidente do CorinthiansAndrés Sanchez, presidente do Corinthians - Foto: Divulgação

O Corinthians anunciou no início da madrugada desta terça-feira (1º), quando completa 110 anos, a venda dos naming rights de sua arena em Itaquera para a Hypera Pharma. O estádio passará a ser chamado de Neo Química Arena, uma das empresas do grupo.

Não foram revelados detalhes do acordo. A Folha de S.Paulo apurou que a Hypera Pharma, um conglomerado do ramo farmacêutico, assinou um contrato de 20 anos com o clube e desembolsará R$ 300 milhões em parcelas anuais de R$ 15 milhões.

"É uma parceria será muito mais do que o nome do estádio", completou o presidente do clube, sem dar detalhes.
O Corinthians encaminhou também acordo para que empresas da Hypera Pharma patrocinem a camisa da equipe. O BMG é o patrocinador master do uniforme e tem contrato até 2021.

"Estamos realizando algo que estavam nos cobrando há muito tempo. Vai ser um boom para o futebol brasileiro, não só para o Corinthians", disse o presidente Andrés Sanchez.
 



A empresa é dona de marcas como Doril, Engov e Neo Química. Esta última, inclusive, já teve sua marca na camisa alvinegra como patrocínio máster em 2010 e 2011, levado ao clube pelo então jogador Ronaldo, que recebia uma parte dos contratos com parceiros comerciais que captava para a equipe. Na época, o conglomerado se chamava Hypermarcas.

No plano original de construção do estádio, inaugurado em 2014, os naming rights seriam vendidos por R$ 400 milhões. Mas ter conseguido um acordo seis anos após a inauguração é uma vitória do presidente Andrés Sanchez, sempre lembrado de que a ausência de um contrato pelo nome da arena era uma das causas dos problemas financeiros para o pagamento dela.

O anúncio foi feito em uma live transmitida do gramado da arena. O evento movimentou os corintianos nas redes sociais.
O anúncio da venda dos naming rights da arena ocorre quase nove anos depois da primeira promessa feita pelo presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, durante o primeiro mandato dele (2007-2009), e cerca de três meses antes do próximo pleito no Parque São Jorge, em 28 de novembro.


Em 2 de fevereiro de 2012, quando o estádio ainda estava em obras, o cartola disse em entrevista à Folha que sete empresas tinham interesse no patrocínio. "Depois que o próximo presidente assumir, divulgamos em, no máximo, 30 ou 40 dias [o contrato]", afirmou na ocasião como mandatário licenciado do clube, pois passaria a atuar como diretor de seleções da CBF.

Roberto de Andrade assumiu a presidência de forma interina, o estádio foi inaugurado em maio de 2014, sediou a abertura e mais cinco jogos da Copa do Mundo de 2014, mas o clube não conseguiu negociar os naming rights. Nesse período, o local passou a ser chamado oficialmente pelo clube de Arena Corinthians.

Enquanto isso, diversas empresas tiveram seus nomes ligados a possíveis negociações pela propriedade de marketing. Só na semana passada, a varejista Magazine Luiza e a cervejaria Heineken precisaram vir a público para negar tratativas com o clube. A empresa de tecnologia Amazon também havia sido cotada.

Em seus últimos meses à frente do Corinthians, Andrés Sanchez passou a tratar a venda do nome do estádio como prioridade para conseguir fazer um terceiro sucessor, depois de usar sua influência para eleger Mário Gobbi Filho (2012-2015) e Roberto de Andrade (2015-2018).

No primeiro semestre deste ano, o mandatário chegou a afirmar que se afastaria da política do clube após o fim de seu mandato, no entanto voltou atrás incitado pelas críticas que tem recebido de opositores, incluindo dissidentes de seu grupo, que agora apoiam outros candidatos, como o próprio Gobbi.

Sanchez ainda não declarou oficialmente qual candidato vai apoiar agora. "Vou entrar como se fosse a primeira vez e vou participar ativamente da política até o fim do ano."

Diretor de futebol do Corinthians desde 2018, Duílio Monteiro Alves é o mais cotado a sair candidato pela chapa Renovação e Transparência, fundada pelo atual presidente em 2007, quando ascendeu ao poder. Sob a gestão de presidentes desse grupo político, a dívida do Corinthians cresceu, e a construção da arena foi um sonho que se tornou um problema financeiro quase incalculável para o clube.

Orçado inicialmente em R$ 335 milhões, o preço do estádio saltou para R$ 985 milhões (R$ 1,3 bilhão em valores atualizados) à época de sua inauguração, em 2014. A estrutura financeira para a execução do projeto consistiria em empréstimo repassado pela Caixa no valor de R$ 400 milhões, além dos CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento), estimados em R$ 420 milhões.

Como esses papéis só foram emitidos pela Prefeitura de São Paulo após a inauguração do estádio e com o valor fracionado de acordo com o orçamento do município para cada ano, a Odebrecht, construtora responsável pela obra, precisou captar empréstimos no mercado, o que tornou o projeto ainda mais caro.

Em agosto de 2019, a empresa estimava que o clube lhe devia cerca de R$ 800 milhões, mas no mesmo mês anunciou um acordo para reduzir o montante para R$ 160 milhões.

Além desse valor, o Corinthians ainda teria de pagar a dívida com a Caixa, repassadora do empréstimo feito junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social). Segundo o clube, ela é estimada em cerca de R$ 470 milhões. Para o banco estatal, o valor é de R$ 536 milhões.

O atraso no pagamento desse débito fez a instituição financeira executar a dívida em setembro de 2019 e cobrar multa de R$ 48,7 milhões por ter ajuizado ação para cobrar seis parcelas. Desde então, as partes passaram a negociar novas condições.

A pandemia do novo coronavírus, no entanto, atrapalhou as tratativas, sobretudo porque a principal fonte de receita para o pagamento do empréstimo é proveniente das bilheterias dos jogos do time. Mesmo com a retomada do futebol, as partidas estão ocorrendo sem torcida.

No ano passado, segundo balanço do clube, dos R$ 62 milhões arrecadados com bilheteria, o Corinthians deveria repassar o valor líquido de R$ 39 milhões (descontando despesas conforme o borderô dos jogos) ao Fundo Arena FII, que administra o local. O clube, no entanto, repassou R$ 28 milhões.

O fundo diverge desse valor e, em seu balanço, diz que tem a receber do Corinthians R$ 47 milhões. A venda dos naming rights terá como principal objetivo amenizar a dívida a partir agora, uma vez que o valor pago pela Hypera Pharma terá de ser repassado integralmente para o pagamento das parcelas.

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