Destaque na sinuca, pernambucano busca título inédito
De malas prontas para Brasileiro, Itaro Santos honra linhagem de grandes atletas do Estado
É quase incontestável a presença da sinuca em encontros de amigos no Brasil. O caráter recreativo, contudo, não é predominante na modalidade. O profissionalismo também é uma realidade. Sem se afastar da responsabilidade de mudar a imagem do esporte, o pernambucano Itaro Santos carrega o status de ser um dos maiores nomes no País, ostentando inúmeros títulos nacionais e internacionais. Seu próximo desafio será representar Pernambuco no Campeonato Brasileiro, disputado no Rio de Janeiro, entre os dias 9 e 12 de janeiro. Apesar da vasta galeria, o supercampeão não contempla o troféu do torneio no currículo, oportunidade que ele terá para adicionar no início deste ano.
Inspirado pelo pai jogador, Itaro herdou a paixão logo na infância. Aos 11 anos, não cogitava seguir a rota da profissionalização e ainda assim despontava entre os 32 melhores brasileiros do ranking. A visita ao Recife do escocês Steven Hendry, considerado maior jogador de todos os tempos, provocou o encantamento do jovem pela magia da mesa de bilhar, em 1994. “Ele fez um desafio no Centro de Convenções e me despertou mais interesse na regra internacional, que não era muito praticada no Brasil. Nessa exibição, ganhei um vídeo-cassete e um livro de Steven Hendry e Steve Davis (detentor de sete títulos mundiais). Assistia muito e meu sonho era disputar uma partida com eles. Em 2008, consegui jogar uma disputa de campeonato e vencê-lo (Steve Davis). Sonho realizado”, exaltou.
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Cursar Ciências da Computação era o percurso natural que Itaro considerava seguir. Com o intuito de aprofundar os estudos na área da tecnologia, ele organizou uma viagem para a Inglaterra. Em paralelo aos livros, o prodígio desenvolveria as habilidades da sinuca na Terra da Rainha, onde é o terceiro esporte mais popular ao lado do críquete, depois do futebol e rugby. “Eu treinava só aos fins de semana com o meu pai. Como eu fui me destacando e tinha interesse em disputar futuramente torneios fora do País, sonho de ser campeão mundial, surgiu a ideia de ir estudar na Inglaterra, praticando e aprendendo mais onde é berço da sinuca mundial”. E foi lá que o seu futuro começou a tomar um rumo diferente.
Para listar uma partida memorável, Itaro não mencionou o duelo contra Steve Davis ou uma final de campeonato. “Destaco um da minha infância, quando eu tinha oito anos. Comecei a jogar no Sport Club do Recife, mas o diretor disse que menor de 18 não poderia praticar, porque na época existia uma lei que proibia. Se eu vencesse uma partida pra ele, eu seria autorizado a participar dos treinamentos e competições do Sport. Então venci ele e tive passaporte para jogar no Sport”, disse.
A rivalidade de Sport, Santa Cruz, Náutico e AABB ultrapassou a barreira dos esportes olímpicos e se apossou da sinuca na década de 1980. Muitos anos antes, a influência britânica não somente apresentou o futebol aos recifenses, mas também todos os padrões e regras internacionais inseridas na mesa de bilhar. Estes fatores catalisaram a evolução do esporte no Estado durante o século XX, refletindo-se atualmente na aparição de grandes nomes pernambucanos. “Sempre tivemos os melhores jogadores do Brasil. Marcílio Cavalcante, Baiano, Ricardo Bouwman e outros. Hoje em dia também temos um número bom de jogadores, como Ricardo Souza, um dos melhores do Estado e já ficou entre os cinco melhores do País”, elencou.
A Confederação Brasileira de Bilhar e Sinuca (CBBS) utiliza o desempenho no Campeonato Brasileiro como critério para definir as pontuações dos jogadores no ranking nacional e quais estão aptos a obter classificação para competições internacionais. O início do Mundial da modalidade ocorre no mesmo período do torneio nacional, mas Itaro decidiu em conjunto com a Federação Pernambucana buscar o título no Rio de Janeiro. De acordo com o pernambucano, assegurar uma boa posição no ranking pesou na escolha. “O título e também a questão de ficar sem ranking no nacional. Isso poderia me prejudicar em outros torneios internacionais”, destacou.
Regras
Regra Nacional - É praticada com uma bola vermelha e o campo de jogo tem 2,84 x 1,42. Encaçapando bola vermelha, a tacada será continuada jogando em qualquer bola numerada. Encaçapada esta, será jogada outra vermelha e assim sucessivamente.
Regra Inglesa - Utilizada nos campeonatos internacionais, é praticada com 15 bolas vermelhas em um campo de 3,6 m x 1,8 m. A finalidade da partida é encaçapar todas as bolas coloridas em sequência ordenada crescente, respeitando as regras, usando a impulsão da tacadeira movimentada por um toque da sola do taco.
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