Coronavírus

Em 3º dia com mais mortes de Covid no Rio, Flamengo joga, vence e faz eco no Maracanã

Não teve troca de abraços na comemoração do gol de Arrascaeta, o primeiro no futebol brasileiro em três meses

Flamengo e Bangu se enfrentaram nessa quintaFlamengo e Bangu se enfrentaram nessa quinta - Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

No mesmo dia em que o Rio de Janeiro passou a marca de 8,4 mil mortes por Covid-19, registrando o terceiro maior número de óbitos (274) em um único dia desde o início da pandemia, o Flamengo venceu o Bangu por 3 a 0 na reabertura do Estadual do Rio em um Maracanã vazio, com as vozes dos atletas em campo ecoando pelo estádio.

Não teve troca de abraços na comemoração do gol de Arrascaeta, o primeiro no futebol brasileiro em três meses, desde o novo coronavírus paralisou o esporte no país. A última vez que o Flamengo havia jogado foi em 14 de março, vitória por 2 a 1 contra a Portuguesa-RJ. Na semana seguinte, o Carioca -e estaduais por todo o Brasil- foram interrompidos.

Bruno Henrique e Pedro Rocha fizeram os outros dois gols do atual campeão brasileiro.

O clima de desânimo sentido na comemoração do gol do Flamengo era um reflexo do ambiente que emanava no Maracanã. As arquibancadas estavam vazias pela proibição de público. Era possível contar quantas pessoas ocupavam as cadeiras do estádio. No meio do 1º tempo, a reportagem somou 39 no anel inferior, entre jornalistas e funcionários dos clubes.

A ausência de público fez com que os gritos dos goleiros fizessem eco nas arquibancadas. Os goleiros podiam ser ouvidos do anel superior do estádio. O momento de mais intensidade foi quando jogadores do Bangu reclamaram um pênalti, em gritaria que assustou quem não prestava atenção na partida. A narração dos locutores de rádio quebravam o silêncio.

Enquanto isso, a poucos metros de onde a bola rolava, um hospital de campanha funciona para ajudar a cidade no combate à Covid-19. O local foi construído especialmente para isso e conta com cerca de 400 leitos. A taxa de ocupação atual é 56% dos leitos de enfermaria e 77% nos leitos de UTI.

O retorno do futebol em meio a um cenário pandêmico mudou a rotina no Maracanã. Até a entrada parecia atípica. Para ingressar no estádio, a reportagem chegou a portão 12, indicado pela organização, mas não havia ninguém no local, que estava pouco iluminado. Precisou chamar a atenção de três homens do lado de dentro, atrás de uma pilastra, para entrar.

Os profissionais de imprensa presentes tiveram que passar por protocolos de segurança antes de entrarem no estádio. A exigência era de um exame negativo de Covid-19, mas foi aceito o teste rápido, que tem menos eficácia do que o PCR. Como a partida foi confirmada 36 horas antes, não era possível realizar um exame do tipo em tempo hábil.

A temperatura de todos também foi medida antes do ingresso ao Maracanã e um questionário sobre eventuais sintomas recentes ou comorbidades teve que ser preenchido. Os jornalistas ainda tiveram que atravessar um box neutralizador preventivo, que rapidamente higienizava quem passasse pelo equipamento.

Os atletas também passaram por procedimentos parecidos. Na tarde desta quinta, jogadores de Flamengo e Bangu fizeram testes da Covid-19 antes de irem ao estádio. Nas últimas 24 horas, em todo o Brasil, só São Paulo registrou mais óbitos que o Rio de Janeiro. O estado é também o segundo no número total de óbitos, atrás do vizinho paulista.

Segundo o painel mantido pela secretaria de saúde, já são 87.317 casos acumulados, sendo 354 contabilizados nesta quinta. A letalidade está em 9,63%. As internações chegam a 17.419. Já o número de internados por Síndrome Aguda Respiratória Grave são quase o dobro, 34.250, sendo que 13.008 deles passaram por UTI.

Desde a semana passada, o Rio de Janeiro vem adotando a flexibilização do distanciamento social, determinadas pelo governo do estado e pela prefeitura da capital. A Justiça chegou a barrar reabertura ordenada pelo Poder Executivo, mas a decisão foi suspensa.

No começo de junho, entrou em curso no município do Rio a fase um da retomada anunciada pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), com a permissão para a prática de atividades no calçadão da praia, no mar e em parques e para o funcionamento de lojas de vendas de carros, móveis e decoração.

A fase 2 começou nesta terça (16), etapa em que a retomada das atividades econômicas prevê o retorno das competições esportivas, mas com os portões fechados. O jogo entre Flamengo e Bangu faz parte desse processo. O retorno do Campeonato Carioca foi definido em reunião na manhã desta quarta-feira (17), entre o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e os clubes do estado.

O encontro decidiu, inclusive, os próximos compromissos de Fluminense e Botafogo, que são contrários à volta imediata do estadual e ainda nem voltaram a treinar. Contra a vontade dos times, suas partidas foram marcadas para segunda (22). O Vasco joga na véspera.

FLAMENGO
Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Léo Pereira, Filipe Luís; Arão (Diego), Gerson (Thiago Maia), Everton Ribeiro, Arrascaeta; Bruno Henrique, Gabigol. T.: Jorge Jesus

BANGU
Matheus Inácio; Juliano, Michel, Rodrigo Lobão, Dante; Dieyson, Felipe Dias, Josiel, Juan Felipe; Rodrigo Yuri, Rhainer. T.: Eduardo Allax

Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro
Juiz: Wagner do Nascimento Magalhães
Cartões amarelos: Nenhum
Cartões vermelhos: Nenhum
Gols: Arrascaeta, aos 18min do primeiro tempo; Bruno Henrique, aos 20min, e Pedro Rocha, aos 43min do segundo tempo

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