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FUTEBOL

Entenda como a gestão de Marcelo Paz levou o Fortaleza ao patamar dos grandes clubes

CEO do Fortaleza deu palestra no CBC & Clubes EXPO, evento que está sendo realizado em Campinas

Presidente do Fortaleza, Marcelo Paz (esq.) com o treinador do clube, Vojvoda Presidente do Fortaleza, Marcelo Paz (esq.) com o treinador do clube, Vojvoda  - Foto: Reprodução/Redes sociais

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Mesmo fora do eixo Rio-São Paulo e longe de ter a folha salarial mais robusta do futebol brasileiro, o Fortaleza tem figurado como protagonista entre os clubes do Brasil. No último Campeonato Brasileiro, na Série A, terminou em quarto, atrás apenas de Botafogo, Palmeiras e Flamengo. Também alcançou fato raro: terminou a competição como único mandante invicto, algo que apenas Flamengo, em 2019, Atlético-MG, em 2012, e Grêmio, em 2009, conseguiram.

O clube que havia amargado sete anos na Série C se viu no caminho das conquistas na última década, como a do pentacampeonato cearense, do tricampeonato da Copa do Nordeste, e do título da Série B do Campeonato Brasileiro de 2018. Nunca em sua história havia disputado uma competição internacional. E está na terceira disputa de Libertadores e foi finalista da Sul-americana.

Assim, Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, passou a ser requisitado para dar palestras e falar do pulo do gato do clube. Ele foi um dos destaques da abertura do CBC & Clubes EXPO, evento que está sendo realizado em Campinas (SP), reunindo os principais clubes esportivos, patrocinadores, fornecedores e grandes nomes do esporte nacional.

 

Com "Os 11 titulares da boa gestão", ele costura histórias do clube e pessoais desde 2015, quando entrou no clube para ser diretor de futebol. À época, o Fortaleza tinha 7.500 sócios-torcedores. Hoje são 42 mil. Em 2017, o clube tinha R$ 24 milhões de faturamento. O CEO projeta para este ano R$ 374 milhões.

A palestra de Paz começa com um vídeo do filho Marcel, hoje com 16 anos, chateado com o fato de que o clube do coração está na Série C. E termina com o pai comemorando o pentacampeonato cearense, contando nos dedos na mão, ao lado do filho emocionado.

— A gente precisa humanizar as relações, o esporte. O futebol muitas vezes embrutece as pessoas, as coisas ficam difíceis, há aquela disputa, a adrenalina. Futebol tem paixão, família e envolvimento. E o Marcel acompanhou minha trajetória. Quando entrei no clube aos 31 anos, ele era um garotinho, com 6 anos. Foi se formando como torcedor e com o pai dentro do clube, ganhando e perdendo. É contar essa história por meio do olhar de uma criança que se tornou um adolescente e que hoje tem orgulho do seu clube, do que foi feito — contou Paz, ao acrescentar que Marcel se tornou jogador de basquete.

Paz disse que começou a fazer palestras sobre gestão em escolas, faculdades até que "envelopou" o conteúdo para ter "algo mais profissional". Disse que já falou com executivos e presidentes de clubes concorrentes, inclusive. E que a sua prioridade é a agenda do clube, não a de palestrante.

Ressaltou que o crescimento do clube se iniciou antes da transformação em SAF, no fim de 2023. Paz chegou ao clube nordestino em 2015 para ser diretor de futebol. Foi também vice-presidente até assumir a presidência em 2017, função da qual se licenciou para ocupar o cargo em que trabalha atualmente.

— A transformação do clube foi anterior à SAF. Estamos apenas no segundo ano de SAF. E ainda não houve aporte de um investidor. Ainda não vendemos ações. Mudamos a forma jurídica do clube, passando a estar em um modelo empresarial. A virada se deu na gestão, uma gestão orgânica. Foi com as próprias pernas. O pulo do gato foi lá no início quando entendemos que precisávamos de uma gestão profissional, com pessoas competentes, planejamento estratégico, metas e objetivos, e envolver o torcedor. A torcida passou a confiar na gestão, a ir ao estádio, a entrar de sócio e a ser a combustível do clube.

Veja os 11 passos de Paz:
Esteja preparado para entrar em campo: é preciso estudar e ter foco para fazer algo grandioso. Em 2018, montei uma diretoria de forma técnica, não política. Com pessoas qualificadas e nos lugares certos. E ainda com metas fora do campo também.

"Sempre foi assim" não é desculpa: Isso é limitante. Um exemplo foi o que fizemos com a mudança da fachada do cube e com a sala de troféus. "Ah, não mexe, sempre foi assim". Mudamos. Eu nunca me contentei com "sempre foi assim".

Manter o saldo positivo, dentro e fora de campo: Giro financeiro é necessário e honramos nossos compromissos.

Na gestão substitua o meia. Não existe espaço para meia dedicação: É preciso se dedicar, se profissionalizar, remunerar para ter resultados. E também trabalhar com pessoas melhores do que você. E não com "pau mandado". O papel de um líder é criar novos líderes, empoderar os outros.

Esteja próximo. É mais fácil acertar o gol mais perto: de 670 partidas, estive em 97%. Nas conquistas e nas dificuldades. E isso te dá legitimidade para cobrar.

O bom gestor é como o craque do time: aparece na decisão. Em momento de crise do clube, quando pediram a demissão do treinador Juan Pablo Vojvoda, em 2022, eu sabia que a culpa não era dele. Porque estou no dia a dia. Mudamos uns oito jogadores. Começamos a ganhar, saímos da lanterna e depois, os atletas fizeram homenagem a ele.

Às vezes seu rival não é o seu maior concorrente: O dinheiro é limitado, então as pessoas fazem escolhas. Vou pagar para ver futebol na TV ou canal de streaming? Concorremos com eventos, canal de streaming, shows, clubes ou associações, e etc. É preciso olhar para dentro, nosso maior concorrente pode ser a acomodação.

Comunicador é como centroavante: está em todo time vencedor: É preciso dar a cara a tapa se preciso, responder, justificar e ter empatia. Comunicação requer coragem.

Você vai errar. É preciso humildade para reconhecer e agilidade para se corrigir. Não tenho compromisso com o erro.

Pessoa jurídica começa com pessoa: Jogue bonito fora de campo também.

É bom ser campeão mas é melhor ainda ser campeão em casa: Valorize quem está na sua casa, a seu lado.

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