O pe$o de manter-se fiel ao clube do coração
Gastos com futebol requerem atenção do torcedor para que a balança do orçamento não desequilibre
Sorrir, gritar, reclamar, chorar e tantas outras sensações fazem parte dos prazeres e desprazeres gratuitos da vida. Mas quando esse combo é feito dentro de um estádio de futebol, o custo acaba sendo bem maior do que uma voz rouca. Torcer exige paixão e dinheiro. Ingressos, transporte, produtos do clube, participação no grupo dos associados, pagamentos de TV por assinatura e tantos outros itens pesam no bolso do torcedor. Acompanhar de perto seu clube do coração não é barato e requer atenção para que o orçamento não seja prejudicado.
Um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que os gastos com futebol foram responsáveis por desequilibrar o orçamento mensal de dois em cada dez (21,3%) torcedores brasileiros. Em média, um aficionado gasta R$ 256 por mês.
Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, é necessário estabelecer um limite entre o gasto saudável e o exagero. “O time do coração ocupa um espaço importante na vida dos torcedores e isso se reflete nos hábitos de consumo. Mas o mais indicado é que tudo seja feito dentro da realidade financeira da pessoa, sem desequilíbrio”, apontou.
Um dos primeiros questionamentos que passa pela cabeça dos torcedores é: será que vale a pena ir ao estádio mesmo com a comodidade do “pay per view”? “Tenho assinatura de TV a cabo, mas costumo ir aos jogos”, apontou o técnico em eletrônica e torcedor do Santa Cruz, Charliton Souza, de 29 anos. Na hora de colocar os prós e contras na balança, o torcedor cita o descontentamento com o “retorno” que o clube dá dentro de campo. “Eu vou para o estádio, mas com a equipe jogando mal assim fica cada vez mais difícil empolgar”, declarou.
Sócio do Náutico desde 2001, entre idas e vindas. Neste ano, foi para todos os jogos do time em casa. Esse é o perfil do analista de sistema e dono da página Arquivo Alvirrubro, Izaias Júnior, 32. Um apaixonado que não deixa de apoiar seu clube de coração. “Já vivi todas as camadas que um torcedor pode viver. Fui membro de organizada, já fiquei na porta do estádio para juntar dinheiro e comprar ingresso e hoje eu tenho mais condições, viajando para ver quase todos os jogos aqui no Nordeste. Em relação aos custos, muita gente fica apegada aos preços antigos, mas tem partida, por exemplo, com ingresso de R$ 15 para quem não é sócio”, declarou.
Alguns torcedores, porém, extrapolam na hora de gastar, principalmente nas decisões, as “vilãs” do orçamento. “Já paguei R$ 160 apenas no ingresso da final da Copa do Brasil, em 2008”, frisou o músico e torcedor do Sport Carlos Eduardo, de 32 anos. “O que gasto por mês com futebol é o valor da minha conta de luz. Vou muito com meu filho aos jogos e já conversei sobre o cuidado com esse tipo de gasto. Se eu deixar, ele vai para todas as partidas”, brincou.

