Esportes

Presidente da FPF explica por que jogo não foi interrompido

Segundo Evandro Carvalho, em tumultos do tipo, o procedimento padrão universal recomenda a continuidade do evento

Evandro Carvalho, presidente da FPFEvandro Carvalho, presidente da FPF - Foto: Flávio Japa/Arquivo Folha

O tumulto ocorrido no Clássico das Multidões disputado na última quarta-feira (7), na Ilha do Retiro, poderia ter acabado uma tragédia ainda maior. Dezenas de torcedores do Santa Cruz ficaram feridos, muitos deles sendo atendidos na beira do gramado, enquanto outros foram levados para Unidades de Pronto Atendimento (UPA) no Recife. No momento da confusão, a Imprensa em geral se questionou porque a partida não foi encerrada, diante de tamanha gravidade. De acordo com Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol, a opção de dar continuidade ao jogo é meramente objetiva. Para o dirigente, a FPF e a Polícia Militar apenas obedeceram a um procedimento universal.

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"Não se trata de uma decisão subjetiva da FPF ou da PM. Não é um achismo pessoal, isso é uma diretriz técnica, um plano de ação que existe em todo o Brasil, para toda vez que ocorre algum incidente desses. Qual o custo benefício da liberação do público? O evento continua porque faz parte do plano de ação, da diretriz técnica operacional", explica. "Se não existe risco de morte, se o atendimento está fluido, o evento tem que reiniciar o mais rápido possível. Liberar pode proporcionar o 'efeito boiada', que provoca tumultos, boatos, correria, atropelamento e acidentes fora do local e pode congestionar o atendimento que vem de fora", detalha.

"Quando o espetáculo reinicia, o público descongestiona a área. A federação, mais uma vez digo, cumpriu uma diretriz técnica, que era a de reiniciar o evento. Essa era a conduta a ser tomada, era o procedimento correto técnico em qualquer lugar do mundo, não só do futebol. Você só evacua o local com risco de morte e com o local sujeito a novos incidentes. Se o perímetro estava isolado e as pessoas sendo atendidas, a conduta técnica era reiniciar imediatamente", reforça Evandro. "Você tem todas as razões do mundo para continuar ou para não continuar. Parar o jogo dificulta a chegada e saída de atendimento. Ficamos sem entender porque estávamos sendo criticados ao dar continuidade ao evento."

O mandatário da FPF também rebateu críticas dos torcedores do Santa, que reclamaram da área destinada aos visitantes na Ilha do Retiro e da entrada desordenada no estádio. "O espaço onde ficaram os 2.300 torcedores cabiam quatro mil lugares. Foram quatro catracas na entrada. Colocamos até duas a mais. E o Sport é sensível a isso, temos esse cuidado. Não há nenhuma justificativa, o espaço era quase o dobro da capacidade de torcedores. E a fila indiana é um procedimento até de Copa do Mundo, porque há a triagem, a varredura, é para isso que é feito. Isso é o procedimento operacional. A FPF faz tudo isso e ainda ocorre esses acidentes, imagine se não fizermos", reclama.

Segundo o dirigente, não se pode culpar a estrutura da Ilha do Retiro pelo ocorrido, mas Evandro acredita que a Arena de Pernambuco é o local ideal para a realização de clássicos e jogos decisivos no Estado. "Essa operação da PM é técnica. Não é discriminação com a torcida do Santa. No Arruda, na Arena, a conduta é a mesma, para todos. É o Poder público que determina isso. Tivemos um incidente, porque pessoas se envolveram em um conflito, numa faixa de dez metros específica. Mas o estádio tem a estabilidade, segue os padrões nacionais de segurança. Isso pode ocorrer no Classic Hall, na Arena, Ilha, Arruda. Não podemos interditar todos os locais a cada incidente que acontece", destaca. "Para mim, o melhor estádio é a Arena de Pernambuco. É a melhor arena do Brasil, mas o local de jogo é um direito dos clubes. Eu não posso impor isso. Para mim seria ótimo, por conta do conforto para o torcedor, mas isso tem que ser acertado entre os clubes", esclarece.

Na visão da FPF, ainda não é possível tecer críticas quanto à atuação da polícia no tratamento com a torcida do Santa Cruz, antes que um relatório detalhado seja preparado. "Hoje de manhã conversamos com a polícia e ela está averiguando isso. Desde cedo eles estão verificando isso, com a força policial, o comandante. Temos que esperar o resultado deles. Quem tem o expertise são eles, não nós. Apesar de eu ter sido delegado, coordenador de segurança, não posso dar uma opinião técnica. Existe uma conduta e eles são treinados para isso. Nossa polícia de choque é uma das melhores do Brasil, mas ninguém é perfeito. E nosso corpo de policiais está detectando condutas indevidas para não haver mais problemas do tipo. A gente tem que esperar o relatório para saber melhor o que aconteceu", reitera.

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