Esportes

Relembre a trajetória do Sport na Copa do Brasil de 2008

Com direito a polêmicas, gols e defesas fantásticas, o Leão da Ilha do Retiro rugiu mais alto que todos há 12 anos

Capitão Durval levanta a taça de campeão da Copa do Brasil de 2008Capitão Durval levanta a taça de campeão da Copa do Brasil de 2008 - Foto: Marcos Pastich/Arquivo Folha de Pernambuco

A ausência de futebol ao vivo causada pela pandemia do Coronavírus gerou uma série de reprises de jogos que marcaram as memórias dos torcedores brasileiros. Finais de Copa do Mundo, Liga dos Campeões, Mundial de Clubes foram recorrentes nas televisões brasileiras nas últimas semanas. Com isso, a Rede Globo Nordeste decidiu transmitir neste domingo (17), a decisão da Copa do Brasil de 2008, entre Sport e Corinthians. Assim, a Folha de Pernambuco relembrará a grande campanha do Rubro-Negro pernambucano na competição.

Para começar é importante que os torcedores saibam que a fórmula de disputa da Copa do Brasil de 2008 é diferente da atual. Na ocasião, a competição só tinha duas fases antes de chegar às oitavas de final. Nessas duas qualificatórias, a equipe visitante poderia eliminar o jogo de volta se vencesse os mandantes por uma vantagem de dois ou mais gols na partida.

Primeira fase

A estreia do Leão foi no Maranhão. Com um gramado castigado e o estádio Frei Epifânio lotado, o Sport não saiu do empate, 2x2, com a equipe do Imperatriz. Mesmo com quatro gols, a partida foi tecnicamente fraca e deixou uma preocupação na torcida rubro-negra. Os tentos do jogo foram marcados por Durval (16’), Fabinho Paulista (17’), Carlinhos Bala (29”) e Valdanis (41”).

A partida de volta contou com um avassalador desempenho do Rubro-Negro na Ilha do Retiro, que seria marca registrada da equipe no Campeonato. Com gols de Luizinho Neto, Romerito, Igor e Reginaldo, o Leão emplacou um 4x1 no Imperatriz e garantiu a vaga na segunda fase da Copa do Brasil. O tento de honra dos visitantes foi marcado por Fabinho Paulista.

Segunda fase


Agora o Leão teria pela frente um adversário mais cascudo, que jogava na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro e era recheado de atletas experientes. O Brasiliense contava na época com o vice-campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 1998, Júnior Baiano, o artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2003, Dimba, além de Jóbson, que no mesmo ano seria vendido ao Botafogo e seria um dos grandes destaques da equipe no Brasileirão e Iranildo, campeão brasileiro em 1995 pelo Flamengo e convocado para a Seleção no ano posterior.

A partida difícil se cumpriu dentro de campo e o Brasiliense abriu o placar no primeiro minuto de jogo, com gol do lateral-direito Patrick. O leão, no entanto, foi valente e conseguiu a virada com gols de Dutra e Romerito, de cabeça. O jogo de volta novamente foi avassalador para o Sport, que marcou com Carlinhos Bala, Igor, Roger e Enilton, que ao comemorar foi pular a placa e caiu pela segunda vez em menos de uma semana. Iranildo descontou para os visitantes.

Oitavas de final


Desta vez o Leão jogaria com a primeira equipe da Série A do Brasileiro, o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo estava embalado, era finalista do Campeonato Paulista e considerado por muitos como o melhor time do Brasil naquele momento. Conduzidos por Valdivia, Diego Souza e Alex Mineiro, o Verdão entrou com pompa de favorito no Palestra Itália, mas não conseguiu traduzir em gols e a partida terminou empatada em 0x0.

De volta para a Bombonilha, como ficou conhecido o estádio do Leão, em menção a Bombonera, cancha do Boca Juniors, nada mudou para o Sport. Pela terceira vez consecutiva, os pernambucanos emplacaram um 4x1 e garantiram a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil. Esta partida ficou marcada pela fantástica atuação de Romerito. O meia leonino marcou um hat trick ainda no primeiro tempo e agitou os torcedores que lotavam a Ilha do Retiro. Os três gols geraram uma revolta no goleiro Marcos que saiu de campo culpando “erros individuais” pela derrota. O outro tento marcado pelo Leão foi um “bambu” chutado por Dutra no canto esquerdo do arqueiro alviverde. O gol dos comandados de Luxemburgo foi marcado pelo atacante Alex Mineiro.

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Quartas de Final


Eis aqui a primeira mudança no esquema de jogo proposto para o início da partida, por Nelsinho Baptista. De olho no perigo que os centroavantes Nilmar e Fernandão poderiam gerar na defesa pernambucana, o treinador Rubro-Negro optou pelo trio de zaga, Durval, Igor e Cesar. Os três zagueiros não foram mal, mas em uma investida pela ponta direita, Alex entrou livre pelo centro, deu uma tapa para deslocar Magrão e saiu para a comemorar o 1x0.

Após a primeira derrota na competição, a suspensão por acúmulos de cartões amarelos de Romerito e dificuldade que o Inter iria impor, Nelsinho Baptista não titubeou e escalou um 4-3-3, com Bala, Enílton e Leandro Machado na frente. O esquema surtiu efeito e logo aos três minutos da primeira etapa, Luizinho Neto acertou bela cobrança de escanteio e Leandro Machado desviou para dentro do gol. O Internacional, no entanto, se manteve valente e chegou ao empate ainda no primeiro com Sidnei. Para a segunda etapa, o treinador do Sport foi novamente importante quando sacou Enílton, que não vinha bem na partida, e acionou Roger. O atacante foi o responsável pelo segundo gol do Leão e a possibilidade de classificação à semifinal aflorou entre os torcedores leoninos.

Precisando de mais um tento, o Leão foi para cima, mas o excesso de vontade acabou levando Luciano Henrique a ser expulso e complicar ainda mais a vida dos pernambucanos. Aos 33 do segundo tempo, no entanto, aconteceu algo que nem o mais otimista dos torcedores iria imaginar: um golaço de falta de Durval. A “trauletada” da intermediária sacudiu as arquibancadas da Ilha do Retiro e decretou o 3x1, placar necessário para garantir a vaga na semifinal do torneio.

Semifinal


O fato mais interessante desse qualificatório foi a mudança no mando de campo, dessa vez o Sport começaria jogando em casa. Na Ilha do Retiro, o Leão amassou o Vasco, e fez 2x0 com gols de Durval e Daniel Paulista. O placar só não foi maior porque a trave impediu algumas investidas, Enilton e Leandro Machado perderam alguns gols e o goleiro Tiago salvou os cariocas em algumas oportunidades.

Em São Januário, no jogo da volta, o Sport entrou novamente com os três zagueiro e teve as melhores oportunidades para abrir o placar na primeira etapa. No entanto, como já diz o ditado, “quem não faz, leva”. Assim, Leandro Amaral e Edmundo, com requintes de crueldade, em um gol marcado nos acréscimos do segundo tempo e após falha de Magrão, levaram o jogo aos pênaltis.

O “animal” também foi o responsável por executar a primeira cobrança da disputa. Ele, no entanto, isolou o pênalti e deixou o Sport com a vantagem. Os acertos foram se alternando até chegar ao terceiro batedor do Leão. Para surpresas de vários torcedores, o goleiro Magrão pegou a bola e indicou que seria ele o cobrador. Com direito a tensão e suspiro de alívio, o arqueiro bateu no alto e a bola ainda “beijou” o travessão antes de cair dentro da meta vascaína. Depois disso, os acertos voltaram a se alternar e Carlinhos Bala garantiu o Leão na segunda final da Copa do Brasil de sua história, o desfecho, no entanto, viria a ser diferente da derrota em 1989, para o Grêmio.

Final


O adversário da grande decisão da Copa do Brasil era o Corinthians e uma polêmica pairava o ar da Ilha do Retiro: Romerito, artilheiro da competição e melhor jogador do Sport, estava fora da final. O empréstimo do meia ao Sport expiraria 11 dias antes do jogo decisivo e o Goiás não queria liberar o jogador. O que o clube pernambucano e o atleta diziam, no entanto, é que um acordo verbal já tinha sido fechado para uma prorrogação de exatos 11 dias, caso o Leão chegasse na final da competição.

Sem Romerito, o Sport desembarcou em São Paulo com “sangue nos olhos” e esperando fazer a melhor atuação fora de casa do clube na competição. Esse desempenho, no entanto, não veio e o Leão levou dois gols no primeiro tempo. Dentinho e Herrera foram os autores. O segundo tento, no entanto, foi muito questionado pelos atletas e pela diretoria Rubro-Negra, que acusava que o meia Luciano Henrique havia sofrido falta de Carlos Alberto no lance que gerou o gol corintiano.

A segunda etapa veio e Nelsinho Baptista decidiu tirar Luciano e acionar Roger na equipe. Com isso, Fábio Gomes saiu da ponta esquerda e formou um trio de volantes com Daniel Paulista e Sandro Goiano, com Carlinhos Bala, Roger e Leandro Machado na frente. Essa substituição tirou o Sport de um 4-2-3-1 e deixou a equipe no ofensivo 4-3-3 que consagrou o Leão na competição. A melhora dos pernambucanos não veio atrelada à gols, muito pelo contrário. Quem marcou foi Acosta, em um contra-ataque bem executado pelos paulistas.

O placar de 3x0 era muito difícil de ser revertido, mas uma curiosadade estava prestes a acontecer. Nelsinho sacou Leandro e alçou Enilton a campo. De bico, o criticado atacante foi o autor do gol de desconto do Sport, após bela assistência de Carlinhos Bala. O célebre atacante pernambucano saiu de campo dizendo que aquele teria sido “o gol do título”.

Eis que chegou o 11 de junho de 2008, dia da grande final da Copa do Brasil. Nelsinho Baptista, mais uma vez surpreendeu a todos e sacou Luizinho Neto. O lateral-direito era um dos principais jogadores do Sport no ano e responsável pela bola parada, outra marca registrada do leão na competição. Luizinho, no entanto, tinha sido muito mal no Morumbi e todos os gols foram gerados do lado dele. Para o lugar do experiente lateral, o jovem Diogo, então com 24 anos, foi escolhido. No meio de campo, outra novidade: Kássio, revelado nas categorias de base do clube, então com 21 anos, foi escolhido para a vaga que teoricamente seria de Romerito, no meio de campo.

Kássio, no entanto, não começou bem a partida e foi sacado ainda aos 25 do primeiro tempo para a entrada de Enílton. A mexida de Nelsinho fez efeito e em belo passe de Luciano Henrique, Carlinhos Bala bateu no canto inferior direito de Felipe e abriu o placar para o Rubro-Negro aos 34 minutos do primeiro tempo. Dois minutos depois, Luciano Henrique finalizou de fora da área e o iluminado Enílton tentou uma casquinha de cabeça que confundiu e atrapalhou o goleiro corintiano que aceitou o segundo gol do Sport. A partida ainda reservaria ótimas defesas e interceptações do goleiro Magrão, e as expulsões de Wellington Saci e William sacramentaram o título do Sport.

 

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