Esportes

Técnico de futebol na Inglaterra não deixa a surdez atrapalhar seu sonho

Ben Lampert é o técnico do Brentford FC Community Sports Trust

Ben LampertBen Lampert - Foto: Isabel INFANTES / AFP

Ben Lampert não é o típico técnico de futebol: ao invés de gritar à beira do campo, este treinador surdo dá as instruções a seus jogadores pela linguagem dos sinais. Aos 34 anos, o técnico no Brentford FC Community Sports Trust (uma associação como programas de educação, emprego e saúde para toda a comunidade e que é vinculado à equipe da cidade, que joga na segunda divisão inglesa) está mostrando que pode ser uma inspiração, tanto para as crianças com deficiência auditiva como para as que ouvem.

Isso lhe valeu ser nomeado em uma das categorias da premiação de Melhor Técnico do Ano no Reino Unido, que acontecerá nesta terça-feira (3). Lampert, membro da seleção britânica que venceu em 2005 as 'Surdolimpíadas' na Austrália, já manifestou seu desejo de treinar uma equipe profissional. "Meu sonho é treinar no mais alto nível do futebol, seja nas categorias de base ou em um clube", declarou à AFP o técnico antes de uma sessão de treino com um grupo de crianças de 10 anos.

"Seria bom para mostrar que este tipo de barreira pode ser superada. Trata-se de se tornar um exemplo para que as pessoas surdas possam dizer: 'se ele conseguiu, por que eu não?'", explicou.

Lampert, pai de dois filhos, diz que existe uma percepção errada de que para os surdos é difícil transmitir uma mensagem. "As pessoas pensam que é impossível para um surdo, mas não é. Quando tenho a oportunidade de falar diante dessas pessoas, elas se dão conta de que é possível. É somente uma questão de comunicação. No fim, existem vários métodos de comunicação, não tem apenas um", explica através de um intérprete, que também o ajuda durante o treino realizado em um centro de treinamento ao oeste de Londres.

Lampert, que fez parte do revezamento da tocha olímpica para os Jogos de Londres-2012, considera que se comunicar na linguagem dos sinais com pessoas que não têm deficiência auditiva é um desafio similar ao encontrado por outros treinadores que comandam jogadores que não falam suas línguas.

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"Os surdos têm os requisitos e a capacidade para sermos técnicos do primeiro escalão. É apenas uma barreira linguística", completa Lampert, nomeado no prêmio Melhor Técnico do Ano no Reino Unido na categoria 'Mudando Vidas'.Para o jovem técnico, que também comando a seleção inglesa de surdos, a deficiência não influencia o que vê no campo, já que o futebol é "algo muito visual", que não o impede de pensar "em tática, em como posicionar os jogadores".

Luta por igualdade

Jamie Tompkins, diretor das categorias de base do Brentford, garante que o sonho de Lampert é realista. "Não há motivo pelo qual não poderia trabalhar no futebol convencional. Ele sabe passar sua mensagem para o time em que trabalha", afirma.

Lampert, contudo, considera que o Reino Unido está atrasado em relação aos Estados Unidos quando oassunto é a consideração com pessoas surdas. Ele cita como exemplo o caso do jogador de futebol americano Derrick Coleman, que, apesar de ser surdo, ganhou o Superbowl com a franquia profissional Seattle Seahawks.

"Eu tiro o chapéu para os Estados Unidos, porque sua conscientização é total nesse aspecto", destaca. Um grupo de crianças treina pela primeira vez sob as ordens de Lampert, que comanda a sessão com gestos com a bola e também através de um intérprete.

"Eu não conseguiria entender a linguagem dos sinais nem daqui a 100 anos", admite o pequeno Kuba Zygmunt, que garante, porém, que isso não afeta sua relação com o técnico.

Para Lampert, ter uma atitude otimista é o segredo do sucesso: "É importante ter confiança, ser assertivo e lutar pela igualdade. Quero passar a mensagem de que os surdos podem fazer tudo e eu mesmo sou o exemplo", concluiu.

Para Lampert, ter uma atitude otimista é o segredo do sucesso: "É importante ter confiança, ser assertivo e lutar pela igualdade. Quero passar a mensagem de que os surdos podem fazer tudo e eu mesmo sou o exemplo", concluiu.

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