Teleco é aposta para suceder dinastia no beach soccer
Aos 19 anos, pernambucano concilia estudos com ascensão no gol da seleção, hoje ocupado por suas referências
Ser reverenciado pelo que faz com a bola é o sonho de muitos jovens ao redor do Brasil. Enquanto a preferência da maioria é jogar no tradicional gramado, o salão e a areia são considerados caminhos alternativos ou sequer cogitados. Não é o caso do pernambucano Matheus Teleco, de 19 anos, goleiro do Geração 4 e que recentemente conquistou as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira de beach soccer. A fama e o dinheiro, tão prometidos no futebol de campo, não foram suficientes para afastar a paixão do jovem pela modalidade.
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Natural de Jaboatão dos Guararapes, Matheus começou a treinar aos nove anos no Sesc Piedade. Ao longo desses dez anos de caminhada, encontrou muitos obstáculos, mas cita a importância do beach soccer para seguir em frente. “Consegui minha escola e faculdade através do futebol de areia, e isso me incentivou a treinar mais”, afirmou.
Teleco vestiu a camisa do Sport no início da carreira, mas passou posteriormente pelos rivais Santa Cruz e Náutico. Diferentemente do futebol de campo, o profissional de beach soccer normalmente não possui estabilidade nas equipes. O jogador deve se moldar e encontrar as oportunidades enquanto as competições ocorrem durante o ano. Atualmente no Geração 4, o goleiro defende o Náutico nos torneios de nível nacional.
Apesar da idade, o atleta já acumula títulos relevantes no currículo. Em 2017 conquistou o tetracampeonato invicto da Liga Sul-americana com a seleção sub-20, e neste ano levantou a taça das Eliminatórias Sul-Americanas, garantindo a vaga na Copa do Mundo. O arqueiro, que participou de todas as partidas do Brasil no torneio, avalia positivamente o seu desempenho. “É uma competição difícil que traz responsabilidade enorme para colocar a seleção no Mundial, mas consegui arcar com isso e ter personalidade para fazer meu trabalho”. Além do troféu, a participação na competição proporcionou a possibilidade de escrever seu nome na história: é o jogador mais jovem do Brasil na história a disputar uma fase classificatória.
Embora reconheça Manuel Neuer e Ter Stegen como goleiros que admira, Matheus tem seu conterrâneo e companheiro de seleção como inspiração. Cotado para ser sucessor de Mão, lenda da amarelinha na areia, Rafael Padilha é considerado um espelho por Matheus. “É uma pessoa sem palavras: humilde, prestativo, gosta de ajudar os outros. Dentro de quadra não é diferente, trabalha muito, sério, profissional exemplar. Eu sigo ele e uso como exemplo. Quero chegar ao nível dele”, exaltou.
Na convocação para a Copa América, o técnico Tite listou 23 nomes e nenhum deles é nascido em Pernambuco. Por outro lado, são três atletas que representam o Estado na equipe nacional de futebol de areia. Mesmo expressivo, o número é desconhecido por muitos, inclusive para aqueles que acompanham esportes em geral. Para Teleco, a visibilidade diminuiu consideravelmente nos últimos anos: “Há um tempo, o beach soccer era bem valorizado, passava em TV, tinha dinheiro para as competições. Eu não sei qual a explicação disso ter diminuído, mas faz falta. A gente que é atleta sabe como jogar na televisão traz um mercado maior. Mas tá havendo uma evolução. Agora tem base, campeonatos sub-20 e profissionais mais organizados. Esperamos que isso continue e o futebol de areia seja novamente como antes.”
Além da preocupação com os atacantes, os olhos dele também estão voltados para os livros. O sucesso na seleção brasileira não o fez se afastar dos estudos, encarado por Teleco como prioridade. “Eu curso Educação Física, mas não me vejo tanto na profissão e vou mudar para Odontologia. Hoje não penso que o futebol seja meu plano A para viver. Vou continuar na areia, mas penso em estudar. Quero me ver jogando, formado - se Deus quiser - e ser um grande dentista”, explicou. O goleiro também imagina alcançar o patamar de Mão e Padilha, principais exemplos na sua carreira: “Mão está na Seleção há 15 anos, Rafael há 5... pretendo fazer uma história tão bonita quanto a deles e marcar meu nome na história do beach soccer. Não penso em ser melhor que eles, mas dar meu melhor.”