Futebol

Título mantém projeto vitorioso do Flamengo e dá alívio a Ceni

Rogério foi o terceiro comandante do Flamengo em uma temporada conturbada para o clube

Rogério Ceni, campeão com o FlamengoRogério Ceni, campeão com o Flamengo - Foto: Nelson Almeida/AFP

Rogério Ceni sabia que sua vida ficaria muito mais difícil se o Flamengo não conquistasse o Campeonato Brasileiro. A confirmação do título veio nesta quinta-feira (25), no Morumbi, e com ela a segurança, para Ceni, de que poderá seguir com o seu trabalho à frente da equipe.

O sucesso reafirma o momento vitorioso dos rubro-negros, campeões brasileiros também em 2019, ano marcado ainda pela conquista da Libertadores.

A manutenção do treinador, que mesmo após a conquista segue alvo de críticas de parte da torcida, evita que clube e elenco, com três técnicos na última temporada, passem por mais uma reformulação dentro de um calendário que segue atípico e não dá respiro.

Ainda na ressaca da conquista nacional, o Flamengo já volta a campo na próxima terça-feira (2), para a estreia do time no Estadual do Rio de Janeiro. Iniciar, de fato, o ano de 2021 com alguém que já conhece a casa e sabe de que forma poderá utilizar melhor seus atletas é uma vantagem com relação a outros concorrentes que trocarão de comando e começarão do zero.

Dos classificados à próxima Copa Libertadores, São Paulo e Santos estrearão seus novos técnicos no fim de semana, em jogos do Campeonato Paulista. O Fluminense é outro que terá novidade no banco de reservas, com a chegada de Roger Machado, e o Atlético-MG, que se despediu de Jorge Sampaoli, busca treinador.

Abel Braga deixará o Internacional com o vice-campeonato brasileiro e o clube deve confirmar a contratação do espanhol Miguel Ángel Ramírez, apalavrado com os colorados desde o ano passado.
Ainda há incerteza sobre a permanência de Renato Gaúcho à frente do Grêmio. O ídolo gremista, no cargo desde 2016, é o dono do trabalho mais longevo da elite nacional.

Apenas o Palmeiras também tem a certeza de contar com o mesmo comandante que encerrou a última temporada: Abel Ferreira, português campeão da América com a equipe alviverde e que poderá conquistar a Copa do Brasil daqui a pouco mais de uma semana.

Rogério Ceni foi o terceiro comandante do Flamengo em uma temporada conturbada para o clube, que viu Jorge Jesus, o condutor do ano mágico de 2019, ir embora ainda antes de começar o Nacional.

Também estrangeiro, o catalão Domènec Torrent foi contratado para substituir o português, mas não agradou e saiu, deixando o time na terceira colocação do Brasileiro.

Havia uma distância entre o que Torrent buscava implementar e o que era a característica do time flamenguista. Os atletas, acostumados a jogar com movimentação constante sob Jesus, tiveram dificuldades de se adaptar ao modelo do jogo posicional proposto pelo catalão.

Com Ceni, o discurso era o de retomar as principais referências de jogo do trabalho feito em 2019, com um pouco mais de liberdade na estrutura tática. Internamente, houve boa aceitação dos métodos do ex-goleiro, tanto no que foi feito no campo como no trato pessoal com os comandados.

O início, porém, não foi simples. Eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores deixaram o treinador pressionado. Mas uma campanha de recuperação no Campeonato Brasileiro levou o Flamengo ao título, o segundo consecutivo dos cariocas na competição.

Foram cinco vitórias e um empate nas últimas sete partidas, incluindo o triunfo sobre o Internacional, no Maracanã, quando assumiram a liderança na 37ª rodada.

A maior dificuldade foi entender o momento certo para colocar [as mudanças], porque em um clube você tem de conhecer as características, os atletas, os atletas de base, e algumas coisas foram mudadas. Resolvemos trazer o Arão para a zaga, fazer um meio de campo mais técnico. Fizemos o Filipe Luís jogar muito mais por dentro do que na linha de fundo", afirmou Ceni, após a conquista no Morumbi.

"São caras consagrados, que ganharam muita coisa na Europa e aqui, mas têm prazer e vontade, querem informação. Então eu tenho de trabalhar muito todos os dias para fornecer todo o material que eles necessitam, mas são caras que dão retorno e entregam tudo dentro do campo. As mudanças não davam para ser feitas em um dia. A mudança do Arão para a zaga nem eu descobri no primeiro dia. Fico feliz que nesses pouco mais de três meses a gente possa fechar com um título brasileiro", completou.

Além da manutenção de Ceni, o título brasileiro também afasta a imagem de fim de ciclo que costuma acompanhar o declínio de times vitoriosos. No caso do Flamengo, manter-se competitivo passa por segurar a base forte de jogadores que vem sustentando o clube no topo.

Da equipe que entrou em campo na quinta, contra o São Paulo, oito titulares já haviam sido campeões na temporada anterior.

"Tivemos a troca de dois treinadores que foram complicadas. A gente perdeu um pilar como era o Jorge Jesus. Quem viesse ia sofrer, e foi o que aconteceu. O Dome [Torrent] tem muito mérito, também fez um grande trabalho aqui", disse o lateral esquerdo Filipe Luís, 35, um dos pilares da equipe bicampeã.

"Às vezes, quem joga cinco minutos é mais importante que quem joga 85. Às vezes, o pessoal não entende por que o Flamengo chegou, por que o Flamengo estava sempre ali. Mas é porque a gente não deixou de acreditar nem um segundo, nem nos nossos piores dias. É um grupo de muito caráter que conseguiu levar o troféu para casa", completou o lateral.

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