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Defesa Civil avalia risco de novo deslizamento na barreira do Córrego da Bica e retira 45 famílias

A tragédia aconteceu nas primeiras horas desta quinta-feira (6)

Imóveis são interditados pela defesa civil em barreira que sofreu deslizamento - Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

A Defesa Civil visitou, na manhã desta sexta-feira (7), o local onde aconteceu um deslizamento de barreira que deixou mãe e filha mortas, no Córrego da Bica, Zona Norte do Recife. Eles avaliam o risco de novo incidente no ponto, e já precisaram retirar 45 famílias dos seus imóveis.

"Estamos avaliando [o perigo de deslizamento]. Ontem 45 famílias já foram orientadas a desocupar imóveis. Estamos trabalhando com essa remoção em um trabalho que continua hoje", explicou a gerente geral de engenharia da Defesa Civil do Recife, Elaine Hawson.

Ainda de acordo com a porta-voz, as famílias que vivem na área próxima onde ocorreu o deslizamento estão em risco. Com isso, elas foram remanejadas para abrigos da prefeitura ou para casa de parentes enquanto os agentes concluem o trabalho.

 

Imóveis são interditados pela defesa civil em barreira que sofreu deslizamento. Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

"Os moradores estão recebendo todo o auxílio, desde a remoção até a mudança. Estamos encaminhando essas pessoas para um local seguro. A prefeitura também ofertou abrigo público, no entanto, essas pessoas preferiram casas de parentes ou de amigos próximos", explicou. 

 

"Todas essas famílias vão ser incluídas no benefício de auxílio moradia da prefeitura e nossas assistentes sociais já estão iniciando esse processo", completou.

Relembre o caso
A tragédia aconteceu nas primeiras horas desta quinta-feira (6). Maria da Conceição Braz de Melo, de 51 anos, e a filha, Nicole Melo de Souza, 23, dormiam, quando, por volta da 1h, a barreira deslizou e destruiu a residência que elas moravam. 

As buscas pelos corpos começaram por volta das 3h. O de Maria foi encontrado por volta das 4h. Já Nicole, que ficou soterrada, foi encontrada pelas 7h.

Viaturas do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Científica, Instituto de Medicina Legal (IML) estiveram no local.

Como fica para os moradores
Um dia depois do deslizamento, a paisagem no Córrego da Bica é de desolação. Várias casas já estão desocupadas. São vários avisos de interdição nas portas de lares vazios. Os poucos moradores que ainda estavam na área, na manhã desta sexta, foram arrumar seus afazeres e recolher pertences enquanto seguem nesse estado de indefinição. 

Esse é o caso de Alexandra Monteiro, auxiliar de cozinha de 42 anos. Junto com o marido e dois filhos, ela mora logo ao lado da casa soterrada. Ela estava dormindo quando tudo aconteceu, mas contou à Folha de Pernambuco os momentos de terror vividos numa quinta-feira que nunca vai esquecer.

 

Na foto, Alexandra Monteiro. Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

"Quando o deslizamento aconteceu, a gente ouviu o barulho, mas pensamos que eram trovões. A gente nunca imaginaria que isso aconteceria, uma barreira caindo. Só quando acordei que vi a situação e a gente se desesperou para tentar ajudar de algum modo, mas infelizmente não teve jeito. Elas eram nascidas e criadas aqui, moravam há 30 anos. É uma lástima", contou.

Por estar em zona de risco, Alexandra também precisou ser desocupada. Ela já foi cadastrada no sistema de auxílio-moradia, mas, no momento, não sabe o que vai fazer daqui para frente.

"A gente está indo para a casa de parentes para dormir. Minha filha cedeu esse espaço enquanto a questão não se resolve e passar mais o risco. Mas a gente tem que procurar um cantinho, por aqui agora é uma zona de risco", disse.

"A gente não escolhe morar num lugar desses, infelizmente. A gente vem pela necessidade. O que precisamos é de uma moradia digna, não só eu, como todos os outros moradores daqui", completou.

Próximos passos
Segundo a Gerente Geral de Engenharia da Defesa Civil do Recife, o trabalho segue firme e forte no local. Também já foram iniciadas ações de contenção para futuros deslizamentos.

"Para o local, já existe um projeto que a prefeitura vai realizar uma obra de contenção, mas a Defesa Civil também vem trabalhando nessas áreas com a implantação de lona plástica nos taludes onde há viabilidade. Também fazemos o programa Parceria, onde já temos mais de 200 obras sendo executadas nesse momento", explicou.