TikTok alimenta autodiagnóstico de TDAH com conteúdo enganoso, mostra novo estudo
Falta de mecanismos de verificação de fatos para conteúdo aumenta o risco de disseminar informações imprecisas
Plataformas de mídias sociais, como o TikTok, fornecem acesso fácil a informações sobre condições de saúde mental, como TDAH, depressão e ansiedade — estima-se que 3 a 7% dos adultos sejam diagnosticados com TDAH em todo o mundo — no entanto, essas informações, pela falta de mecanismos de verificação de fatos para conteúdo aumenta o risco de disseminar informações imprecisas ou enganosas.
Diferentemente de fontes de informação tradicionais, plataformas de mídia social permitem que indivíduos com problemas de saúde mental compartilhem suas experiências com outros, o que tem o potencial de reduzir o estigma e aumentar a conscientização sobre problemas de saúde mental prevalentes.
O TikTok é uma das maiores plataformas de disseminação de conteúdo. Isso ocorre porque ele permite ao usuário postar conteúdo em formato de vídeo curto de maneira rápida e fácil, com mais de 50 milhões de usuários ativos diários gastando mais de uma hora dentro da plataforma todos os dias.
O TikTok oferece um ambiente onde as pessoas buscam informações sobre saúde mental, enquanto também compartilham suas experiências e se conectam com outras pessoas com condições semelhantes. Para se ter uma ideia, os vídeos sobre autismo e TDAH são as 10 hashtags relacionadas à saúde mais visualizadas do TikTok.
Porém, além da falta de controle que a plataforma oferece, não há mecanismos de verificação para saber se aquela notícia ou informação é realmente relevante ou verdadeira. Isso faz com que as pessoas acreditem que tudo aquilo que estão vendo seja real e oficial. Um estudo recente relatou que 41% dos vídeos mais populares do TikTok que fornecem psicoeducação sobre autismo eram imprecisos, com 32% sendo generalizados demais. É importante ressaltar que plataformas de mídia social, como o TikTok, não são projetadas para fornecer psicoeducação eficaz aos seus usuários.
Sobre o estudo
O estudo atual investigou a autenticidade das informações disponíveis sobre TDAH no TikTok e avaliou como o conteúdo do TikTok sobre TDAH influenciou as percepções dos espectadores sobre essa condição de saúde mental.
Foram avaliados dois estudos, de forma geral. O primeiro observou as características do conteúdo popular de TDAH no TikTok e avaliou se esses dados se alinham com os critérios de diagnóstico clínico e recomendações de tratamento por profissionais de saúde mental.
Já o segundo avaliou como jovens adultos com ou sem TDAH autorrelatado percebem o conteúdo do TikTok relacionado ao TDAH, como psicólogos classificam o conteúdo e o impacto desse conteúdo nas percepções do usuário sobre o TDAH.
Os participantes forneceram informações sobre seu diagnóstico de TDAH ou se acreditavam que não tinham sido diagnosticados com essa condição. Eles também preencheram questionários sobre seus dados demográficos, histórico de diagnóstico e sintomas. Após a triagem inicial, 224 participantes foram classificados no grupo "sem TDAH", 198 no grupo "diagnóstico formal de TDAH" e 421 no grupo "autodiagnóstico".
Eles também tiveram a opção de assistir ou evitar vídeos de psicólogos. Aqueles que assistiram aos vídeos dos especialistas foram posteriormente solicitados a avaliar o conteúdo do TikTok novamente e relatar se sua percepção do TDAH mudou.
Os participantes do estudo autodiagnosticados com TDAH assistiram com mais frequência ao conteúdo do TikTok relacionado ao TDAH do que aqueles sem TDAH. Entretanto, os pesquisadores revelaram que isso pode ser atribuído ao algoritmo do aplicativo, que aprende com o histórico de exibição dos usuários.
Psicólogos clínicos relataram que a precisão das informações nos vídeos do TikTok era baixa, o que reflete, de forma semelhante, relatos anteriores de profissionais de saúde que consideraram o conteúdo relacionado ao TDAH no TikTok enganoso.
Uma proporção significativa de jovens adultos com TDAH estava interessada em ouvir profissionais de saúde mental. Em comparação com o grupo diagnosticado com TDAH, indivíduos autodiagnosticados com TDAH ficaram mais tranquilos, acreditando que não tinham essa condição após assistir aos vídeos explicativos dos psicólogos.