mundo

Veja como reagiram os países no alvo das "tarifas recíprocas" de Trump

Líderes de países como Canadá, Coreia, Espanha, Itália, Japão e China condenam escalada dos EUA, rejeitam guerra comercial, mas falam em retaliações

O presidente dos EUA, Donald Trump - Brendan Smialowski / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira o que chama de "tarifas recíprocas". Ele decidiu aplicar imposto de importação de ao menos 10% a todos os produtos estrangeiros que entram na maior economia do mundo.

O Brasil é um dos países que terão seus produtos taxados nos EUA em 10%, o percentual mais baixo do pacote. O caráter linear das tarifas foi adiantado ontem pela colunista do GLOBO Míriam Leitão. Mas outros países tiveram carga bem mais pesada, particularmente os asiáticos, liderados pela China.

Logo após o anúncio de Trump, no fim da tarde, líderes dos países atingidos começaram a reagir. A maioria destacando que uma guerra comercial não terá vitoriosos no mundo.

Para os produtos chineses, por exemplo, a tarifa será de 34%. Como se não bastasse a alíquota alta, a Casa Branca informou que essa tarifa recíproca se somará aos 20% que já foram aplicados sobre produtos chineses neste ano, totalizando uma carga de 54% para itens do país asiático exportados para os EUA.

 

China promete retaliação
A China afirmou na manhã desta quinta-feira que “se opõe firmemente” às novas tarifas alfandegárias dos Estados Unidos contra suas exportações e anunciou “contramedidas para resguardar” seus direitos e interesses.

Os tributos impostos pelo presidente Donald Trump “não estão em conformidade com as regras do comércio internacional e prejudicam gravemente os direitos legítimos e os interesses de atores relevantes”, afirmou o Ministério do Comércio chinês em comunicado.

Canadá condena escalada tarifária
Camboja, destino de muitas fábricas de capital chinês, tem uma das maiores taxas: 49%. O Japão e a Índia, aliados geopolíticos e econômicos dos EUA, terão seus produtos tarifados em 24% e 26%, respectivamente.

Além do Brasil, também estão no grupo de países taxados em 10% e outros latino-americanos como Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras e El Salvador. Outros países que ficaram na taxação mínima foram Reino Unido e Cingapura.

Não houve mudança no caso de Canadá e México, vizinhos dos EUA com quem integram uma zona de livre-comércio, que já tiveram seus produtos vendidos aos EUA taxados em 25% no mês passado.

— Vamos combater essas tarifas com contramedidas — alertou o premier Mark Carney, para quem as taxas americanas "vão mudar fundamentalmente o sistema de comércio mundial" e afetar "diretamente milhões de canadenses".

Veja a seguir reações de alguns outros países:

Coréia do Sul
O líder interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo, pediu às autoridades do país que se envolvam ativamente nas negociações com os Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar amplas tarifas sobre parceiros comerciais, incluindo tarifas mais altas para Seul: 25%

— Esta é uma situação muito séria, em que uma guerra tarifária global se tornou realidade. O governo deve empenhar todas as suas capacidades para superar a crise comercial — disse Han a autoridades durante uma reunião convocada na quinta-feira, pouco após o anúncio das tarifas por Trump.

Reino Unido
No Reino Unido, o secretário de Comércio, Jonathan Reynolds, afirmou que o governo do primeiro-ministro Keir Starmer buscará manter a calma. O país ficou na faixa de menor taxação: 10%.

— Os EUA são nossos aliados mais próximos, então nossa resposta é manter a calma e o comprometimento em fazer uma acordo, que esperamos que mitigue o impacto do que foi anunciado hoje — disse Reynolds. — Temos uma gama de ferramentas à nossa disposição e não hesitaremos em agir. Continuaremos a nos envolver com as empresas do Reino Unido, inclusive em sua avaliação do impacto de quaisquer medidas adicionais que tomarmos.

Japão
O ministro japonês de Comércio afirmou que as tarifas anunciadas por Trump são "extremamente lamentáveis". O país foi taxado em 24%

Austrália
Para o premier australiano, Anthony Albanese, as tarifas “não são algo que um amigo faça”. Mas disse que não vai retaliar:

— Não entraremos em uma corrida para o fundo do poço que leva a preços maiores e crescimento mais lento.

Irlanda
O ministro do Comércio do país, Simon Harris, afirmou que "União Europeia e Irlanda estão prontas para encontrar uma solução negociada com os EUA". E acrescentou: "Negociação e diálogo são sempre o melhor caminho a seguir". Os produtos da União Europeia foram submetidos por Trump a uma tarifa de importação de 20%.

Colômbia
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicou no X que as novas taxas americanas podem ser "um grande erro". Seu país sofrerá um aumento tarifário de 10%.

Itália
"A introdução de tarifas à União Europeia é uma medida que considero ruim e que não convém a nenhuma parte", reagiu a primeira-ministra direitista Giorgia Meloni, em redes sociais. "Farei tudo o que puder para trabalhar por um acordo com os Estados Unidos, a fim de evitar uma guerra comercial que, inevitavelmente, enfraquecerá o Ocidente, em benefício de outros atores globais."

Espanha
O presidente do governo espanhol espanhol (cargo equivalente ao de primeiro-ministro), Pedro Sáchez, afirmou que seu país "protegerá suas empresas e trabalhadores e continuará comprometido com um mundo aberto."

Alemanha
A indústria automobilística alemã alertou que os impostos americanos "só criarão perdedores". "A União Europeia deve agir agora unida e com a força necessária, enquanto continua sinalizando sua disposição de negociar", expressou a Associação Alemã da Indústria Automotiva.

Com Bloomberg e outras agências internacionais