Após obter assinaturas pela urgência da anistia, líder do PL descarta estender perdão a Bolsonaro
Sóstenes Cavalcante elogiou empenho de partidos da base e de novo ministro de Lula
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta sexta-feira que o projeto de lei da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro não irá beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A oposição atingiu as 257 assinaturas necessárias para acelerar a tramitação do projeto na Câmara.
— Só se anistia quem já está condenado. Não é neste momento uma discussão. Se for condenado, os advogados vão avaliar — disse o parlamentar.
Segundo o deputado, não é possível precisar qual texto será aprovado, podendo ter mudanças ao longo da tramitação do projeto. Ele irá pressionar para que a votação ocorra no próximo dia 30.
Em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, Sóstenes também agradeceu os dirigentes de partidos da base após ter anunciado que conseguiu as 257 assinaturas necessárias para protocolar a urgência do PL da Anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. Conforme informou a colunista Bela Megale, a assinatura de parlamentares da base de Lula causou indignação no Palácio do Planalto.
O deputado ainda ressaltou o papel do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes. Ele foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo ministro das Comunicações nesta quinta-feira.
— Temos como aliados o presidente (Antônio) Rueda, do presidente União Brasil, bem como seu líder na Câmara dos Deputados, que foi o segundo que deu mais assinaturas.
Questionado pelo Globo se estava se referindo a Pedro Lucas Fernandes, Sóstenes confirmou.
Outros caciques foram citados como Marcos Pereira, do Republicanos, e Gilberto Kassab, do PSD. Sóstenes afirmou que Kassab telefonou para o parabenizar.
— Gilberto Kassab me ligou para festejar que nós pudéssemos ter alçado essa grande marca.
Na semana passada, Kassab afirmou que o partido estava "dividido" sobre o tema da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. O presidente nacional do PSD disse que ele próprio ainda não havia formado posição sobre o tema.
Deputado não divulga nomes que assinaram
Segundo Sóstenes, até esta manhã, já são 264 assinaturas, mas que por enquanto não irá divulgar os nomes dos deputados, até atingir ampla maioria, acima de 280. O mínimo necessário é mais da metade do quórum, de 257. Ele também afirmou que integrantes de siglas mais à esquerda pediram para serem preservados da exposição.
O líder do PL também fez elogios ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que, segundo ele, teria sido transparente ao longo de todo o processo.
— Não falei com ele ainda, está em viagem no exterior. Uma vez atingida a maioria, tenho convicção do bom senso político do presidente Hugo Motta. Ele esticou a corda até onde deu e nunca escondeu isso da gente. Agora demos conforto a ele, de dizer que somos maioria.
Também participaram do coletiva de imprensa o senador Carlos Portinho e os deputados federais Alexandre Ramagem e Roberto Monteiro. Ao longo das últimas duas semanas, Sóstenes organizou as assinaturas pela urgência do PL da Anistia.
Entre os assinantes, 13 partidos deram apoio. A pauta, inicialmente da oposição, furou a bolha e conta com endossos entre siglas que fazem parte do governo federal.
Juntas, PP, União Brasil, Republicanos, PSD, MDB, e PSB somam mais de 130 assinaturas. Embora sejam de partidos da base do governo, parte desses deputados já se posiciona contra o Palácio do Planalto em diversas questões.
Essa adesão, porém, reflete uma fragilidade na gestão de Lula (PT), que tem se oposto à anistia. No caso do União Brasil, Celso Sabino (Turismo) lidera o ministério, e a pasta de Comunicações deve ser novamente ocupada pelo partido. Já o PSD e o MDB controlam três ministérios cada.
Os ministros do PSD são Carlos Fávaro (Agricultura), André de Paula (Pesca) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). Os emedebistas são Simone Tebet (Planejamento), Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades). Republicanos e PP têm, respectivamente, o comando de um ministério cada — Portos e Aeroportos, com Silvio Costa Filho, e Esportes, com André Fufuca.
A federação PT-PV-PCdoB e outros partidos à esquerda, como PSOL e PDT, não têm parlamentares que tenham aderido à proposta.