Huawei investe em baterias no Brasil, de olho em nova modalidade de leilão de energia
Gigante de tecnologia chinesa vai trazer para o país um carregador elétrico ultrarrápido para veículos
De olho na expectativa do primeiro leilão de baterias de armazenamento de energia, que deve ocorrer no segundo semestre deste ano no Brasil, a Huawei está direcionando seus investimentos para o segmento.
A companhia chinesa, conhecida por seus produtos de infraestrutura de rede e eletroeletrônicos, vai implantar no Brasil seu primeiro sistema de carregamento ultrarrápido para carros e caminhões.
Para Roberto Valer, diretor técnico da Huawei Digital Power, braço de energia da companhia, os clientes da empresa no país — como indústrias e companhias do setor automotivo — já estão buscando soluções envolvendo baterias.
— Vamos iniciar a comercialização no Brasil de um carregador elétrico ultrarrápido para veículos. Já temos conversas com as empresas. Cidades como São Paulo, por exemplo, estão avançando na eletrificação de suas frotas — afirma ele.
Atualmente, 14 montadoras chinesas, como BYD, GWM e Aito, já utilizam as tecnologias da Huawei embarcadas em seus automóveis. No desenvolvimento do modelo de carregamento, a companhia tem parceria com a Matrix Energia e a HDT.
Valer classifica as baterias de armazenamento como "canivetes suíços", por sua versatilidade. Isso porque, segundo ele, elas podem ser usadas para armazenar energia a partir do sol, do vento e de térmicas. Além disso, podem ser utilizadas em indústrias e no setor automotivo, com no caso dos veículos elétricos.
A solução da empresa permite carregar o equivalente a 200 quilômetros em cinco minutos. O sistema pode ter até doze unidades de carregamento, permitindo que vários veículos recebam energia ao mesmo tempo.
Segundo Valer, a ideia é também usar as baterias em empresas de transmissão de energia e em empreendimentos de energia solar:
— A energia solar precisa de bateria para continuar funcionando 24 horas. As baterias armazenam a energia gerada ao longo do dia, mas não utilizada, e conseguem liberá-la quando for mais propício. Dezenas de nossos clientes já manifestaram interesse nesse sentido, pois, assim, conseguem gerir o empreendimento solar com bateria de forma única, aumentando a eficiência. Já sentimos uma grande demanda das empresas no Brasil. O futuro está no armazenamento.
Leilão de baterias
O Ministério de Minas e Energia (MME) prepara, para este ano, o primeiro leilão de baterias. O tema é uma das prioridades de Alexandre Silveira, titular da pasta, que, nesta semana, vai para a China conhecer os projetos das companhias asiáticas. Entre os desafios está a necessidade de o governo avançar no desenvolvimento de uma regulação para o segmento.
— É importante que o governo promova um número constante de leilões, de forma a estimular a demanda. As baterias são modulares, o que permite diferentes tamanhos, desde pequenos até bem grandes, para diversos tipos de uso — diz Valer.