Mesmo após briga, Cid defende candidatura de Ciro Gomes à Presidência: "Todas as condições"
Declaração de apoio ocorre uma semana depois de o senador ser apontado pelo ex-ministro como responsável pela 'tragédia' no Ceará
Uma semana após ser alvo de novas críticas do irmão, o senador Cid Gomes (PSB) voltou a fazer acenos ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Em nota, Cid declarou apoio a uma possível candidatura de Ciro à Presidência da República em 2026 — hipótese que, nos bastidores, tem sido negada pelo ex-ministro.
“O senador Cid Gomes tem por seu irmão, Ciro Gomes, profundo respeito e admiração, e entende que ele, mais do que nunca, reúne todas as condições de disputar a Presidência da República”, afirmou em nota.
Brigados há mais de um ano, os irmãos Ferreira Gomes lideram grupos políticos distintos no Ceará. Recentemente, Cid tem feito gestos de reaproximação com Ciro, que, até o momento, não os retribuiu. Na semana passada, em visita à Assembleia Legislativa do Estado, Ciro voltou a criticá-lo:
— Vejo, fria e geladamente, como uma pessoa preocupada com o que está acontecendo no Ceará, o senador Cid como conivente, como cúmplice dessa tragédia que está acontecendo no Estado — afirmou.
O afastamento entre os dois tem como pano de fundo divergências em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Cid se aproximou da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tornando-se um dos principais aliados do governo federal no Senado e também apoiador da gestão do governador Elmano de Freitas (PT) no Ceará.
A irmã de ambos que ficou ao lado de Cid na ruptura, Lia Gomes, assumiu a Secretaria de Mulheres do estado. Já Ciro se mantém como um dos mais duros críticos da administração petista, tanto em nível nacional quanto estadual.
A ruptura se consolidou no início de 2024, com a saída de Cid e seus aliados do PDT rumo a siglas mais alinhadas ao governo Lula, como o PSB. O movimento aprofundou a cisão entre os chamados “cidistas” e “ciristas” na política cearense.
A divisão, no entanto, já havia se tornado pública em 2022. Naquele ano, Ciro lançou-se novamente candidato à Presidência da República pelo PDT e, no Ceará, apoiou Roberto Cláudio (PDT) para o governo estadual. Cid, por sua vez, adotou postura de neutralidade: não declarou apoio a Cláudio nem participou da campanha presidencial do irmão. No segundo turno, esteve em eventos ao lado de Lula.