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Ações do BB despencam 12% com lucro abaixo do previsto e alerta para inadimplência

Lucro recua 20,7%, inadimplência no agro preocupa e banco suspende previsões para o próximo ano

Agência do Banco do Brasil - Reprodução/X

As ações do Banco do Brasil despencaram mais de 12% nos primeiros negócios desta sexta-feira (16), após a divulgação de um resultado trimestral muito abaixo das expectativas do mercado. O banco, de controle estatal, também suspendeu diversas projeções para 2025.

Por volta das 14h25, os papéis da instituição recuavam 12,24%, cotados a R$ 25,80, liderando as perdas do Ibovespa, que registrava queda de 0,35%.

Em relatório, analistas do BTG Pactual classificaram o resultado como “pior do que se temia”. O Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre, queda de 20,7% em relação ao período homólogo. A expectativa média de analistas ouvidos pela LSEG era de um lucro de R$ 9,23 bilhões.

A instituição atribuiu o desempenho fraco e a suspensão de suas projeções ao aumento acima do esperado da inadimplência no setor do agronegócio e à adoção de novas regras contábeis.

A margem financeira bruta do banco caiu 7,2% na comparação anual, totalizando R$ 23,9 bilhões. O período também foi marcado por um aumento de 10,7% nas despesas esperadas e uma queda de 35,3% na recuperação de crédito.

Segundo o BB, o custo do crédito foi pressionado principalmente pelo agravamento da inadimplência na carteira de agronegócios, que atingiu 3,04% — ante 2,45% no quarto trimestre de 2024 e 1,19% no mesmo período de 2023.

Durante teleconferência com analistas, o vice-presidente de gestão financeira do banco, Geovanne Tobias, reconheceu a persistência da inadimplência no setor agro em abril, mas demonstrou otimismo. Ele afirmou que ações como judicialização, protestos e cobranças, somadas à expectativa de uma safra recorde e consequente melhora da renda no campo, podem conter os índices de inadimplência no segundo semestre.

A deterioração do resultado, no entanto, não se limitou ao agronegócio. Entre pessoas físicas, a inadimplência acima de 90 dias subiu para 5,10%, ante 4,66% no final de 2024 e 4,77% um ano antes. Já entre as empresas, o índice passou para 4,06%, contra 3,51% em dezembro e 3,19% no primeiro trimestre do ano passado.

O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para as ações do BB para "neutra", citando o aumento das preocupações com a qualidade dos ativos e a deterioração generalizada da carteira.

O BTG, por sua vez, manteve a recomendação de compra, argumentando que o preço atual dos papéis continua atrativo. Contudo, alertou que, com as mudanças nas normas contábeis, o banco pode não sustentar um retorno sobre o patrimônio (ROE) recorrente superior a 20%.