ARTICULAÇÃO

Renan Calheiros critica Haddad por alta do IOF: "Aumento de imposto dificilmente passa no Congresso"

Senador é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, que convidou ministro da Fazenda a prestar esclarecimentos sobre o caso

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) - Edilson Rodrigues/Agência Senado

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) fez críticas nesta quarta-feira à decisão articulada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de elevar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).

O emedebista avaliou o decreto do governo como “muito ruim” e disse que a medida “dificilmente andará no Congresso”. Existem dezenas de projetos no Senado e na Câmara que cancelam o decreto que aumenta o IOF. A sustação da iniciativa será discutida na reunião de líderes da Câmara amanhã.

— Falar em aumento de imposto nessa altura do campeonato é muito ruim e dificilmente andará no Congresso — declarou Renan.

O parlamentar é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que convidou o ministro da Fazenda para prestar esclarecimentos sobre o aumento do IOF. Renan disse que ainda vai procurar Haddad para ajustar o melhor dia para ele falar aos senadores.

— Está claro, por vários fatos, que o aumento de tributos já chegou em um limite há muito tempo. Já disse para ele (Haddad), já disse para o presidente Lula que eu sempre achei e continuo achando que a solução é a qualificação do gasto público. Nunca fizemos no Brasil uma reforma do gasto público — disse ainda o senador.

Renan avaliou ainda que há outras maneiras de ajustar as contas públicas e que não é necessária a elevação dos tributos.

— Eu mesmo sugeri em várias oportunidades ao Haddad e na última reunião que tivemos com os líderes e o presidente Lula fazer cortes em áreas que não afetarão a questão social e nem o crescimento da economia. Seria fazer uma revisão de contratos, cortar subsídios, revisão dos ativos imobiliários, tem R$ 1,73 trilhões de ativos imobiliários, se vender 10% já estará resolvido o problema fiscal.

Segundo as medidas anunciadas pelo governo na semana passada, o IOF para operações de cartão de crédito, débito e pré-pago no exterior subiu de 3,38% para 3,50%. O IOF para aquisição de moeda em espécie passou de 1,10% para 3,50%.

Inicialmente o texto também estabelecia uma cobrança de 3,5% sobre o envio de recursos de fundos para investimentos internacionais. Esse foi o ponto que mais gerou repercussão negativa no mercado porque a remessa de dinheiro para o exterior é comum em diversas aplicações como forma de diversificar investimento. Nesse trecho, a Fazenda recuou e as operações desse tipo continuam isentas.