Justiça

Ex-ministro da Defesa pede desculpa e afirma ao STF que tratou TSE com "palavras inadequadas"

Além de Paulo Sérgio Nogueira, já foram ouvidos outros seis réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno e Jair Bolsonaro

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira ao lado do advogado - Ton Molina/STF

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira afirmou em depoimento nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que tratou a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de forma inadequada durante reunião ministerial em julho de 2022.

Ele se desculpou com o ministro Alexandre de Moraes, que conduz o interrogatório do processo da trama golpista.

— Quero me desculpar publicamente por ter feito as declarações naquele dia. Eu não tinha nem 3 meses de Ministério da Defesa, vinha do Exército brasileiro. E coincide com essa reunião em que eu trato com palavras completamente inadequadas o trabalho do Tribunal Superior Eleitoral. E mais ainda olhando para vossa excelência (Moraes), porque nós trabalhamos juntos nesse processo. Quando vi esse vídeo posteriormente, eu não acreditei — disse Nogueira. — A assunção de vossa excelência ao TSE facilitou a minha vida. Ponto. Eu cito o nosso teste de integridade com biometria

Depoimento de Bolsonaro
Mais cedo, o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Corte por críticas feitas a ele em uma reunião ministerial em julho de 2022. O ex-mandatário está sendo ouvido nesta tarde na Corte no curso da ação que trata da trama golpista. Ele é um dos oito réus que vão prestar depoimento até sexta-feira e, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), é integrante do "núcleo crucial" da trama golpista.

Bolsonaro foi questionado por Moraes sobre declarações feitas em uma reunião ministerial a respeito dele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, também integrantes da Corte.

— Não tenho indício nenhum. Era uma reunião para não ser gravada. Então, me desculpe, não tive intenção de acusar de desvio de conduta contra os três — disse Bolsonaro.

Em outro momento, Bolsonaro disse que está se "policiando":

— Eu sempre carreguei no linguajar. Tento me controlar, tenho melhorado bastante meu vocabulário. Acho que com 70 anos é difícil mudar muita coisa... E peço desculpas se ofendi alguém

Bolsonaro também negou ter realizado qualquer ação ilegal e repetiu que não saiu das "quatro linhas da Constituição".

— Não me viram desrespeitar uma só decisão. Em nenhum momento eu agi contra a Constituição. Eu joguei dentro das quatro linhas o tempo todo. Muitas vezes me revoltava, falava palavrão, sei disso. Mas, no meu entender, fiz aquilo que tinha que ser feito — afirmou Bolsonaro.

Entenda o caso
O interrogatório ocorre no âmbito da ação penal que avalia se Bolsonaro e outros sete réus, o chamado "núcleo crucial", planejaram um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula no fim de 2022.

Eles são acusados dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.