Expoente do jazz no Brasil, Hélio Delmiro morre aos 78 anos
Guitarista e violonista, que era diabético e enfrentava problemas renais, lançou o disco 'Certas coisas' no setreaming no final de maio
Um dos expoentes do jazz no Brasil, Hélio Delmiro morreu nesta segunda-feira (16), aos 78 anos, em sua casa em Brasília, após um quadro de infecção urinária. O guitarista e violonista era diabético e em junho do ano passado precisou ficar 55 dias internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com problemas renais.
Considerado um dos maiores guitarristas do mundo, tendo integrado a banda de Elis Regina e gravado com Sarah Vaughan, o carioca de 78 anos estava morando em Brasília, onde tinha três filhos, que lhe davam assistência. Delmiro fazia hemodiálise em Ceilândia, três vezes por semana.
Seu último trabalho, "Certas coisas", gravado com Augusto Martins, cantor que conheceu por intermédio de seu antigo vizinho e pupilo, Moacyr Luz, chegou ao streaming no final de maio de 2025. Composto por 12 faixas, foi o primeiro álbum de Hélio desde "Compassos", de 2004.
Do cavaquinho ao violão
Nascido em uma família de músicos, Hélio Delmiro ganhou do irmão Juca um cavaquinho, aos cinco anos de idade. Na adolescência, a paixão pela bossa nova o levou a dedicar-se ao violão, antes de começar a tocar em bailes com o conjunto de Moacyr Silva. Entre 1965 e 1968 integrou o Fórmula 7, formação que contava com músicos que despontariam entre os maiores do país, a exemplo de Luizão Maia (baixo) e Marcio Montarroys (trompete). O Fórmula 7 gravou três álbuns para a EMI-Odeon.
Delmiro tocou ainda com nomes como Elizete Cardoso, Clara Nunes, César Camargo Mariano, Arthur Verocai, Antonio Carlos e Jocafi, Elza Soares, João Bosco, João Donato, Carlos Lyra, Marcos Valle, Wagner Tiso, Nana Caymmi e MPB-4. O disco "Samambaia" (1981), gravado com o pianista César Camargo Mariano, segue ainda como uma referência da música instrumental brasileira. Entre outros discos históricos, tocou em "Elis & Tom" (1974) e "O som brasileiro de Sarah Vaughan" (1978).
Iniciado na música ainda na infância por influência dos dois irmãos mais velhos, Hélio teve como primeiro instrumento um cavaquinho, aos 8 anos. Mas tarde, aos 14, passou a se dedicar ao violão a partir da influência da Bossa Nova. Com o instrumento, se tornou referência trabalhando ao lado de artistas como Elizete Cardoso, Clara Nunes, Elis Regina, César Camargo Mariano, João Bosco, João Donato, Carlos Lyra, dentre muitos outros.