Operação da Polícia Civil do RJ mira investigados por estupro virtual, torturas, misoginia e racismo
Investigações apontam que os envolvidos se organizavam virtualmente para cometer crimes
Policiais civis do Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM) deflagraram, nesta segunda-feira, uma operação que mira um grupo suspeito de praticar crimes de violência contra mulheres. As investigações apontam que os envolvidos se organizavam virtualmente, em plataformas como Discord, para cometer estupros virtuais, torturas, misoginia e racismo contra as vítimas.
Os agentes mobilizados na Operação Abbraccio cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão em Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em outras sete estados — Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Santa Catarina e São Paulo — e no Distrito Federal. Quatro pessoas foram presas.
A ação desta segunda foi planejada a partir de uma investigação da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias. Em abril deste ano, a mãe de uma das vítimas procurou a unidade para relatar que imagens íntimas de sua filha estavam sendo divulgadas. Durante a apuração, os agentes constataram a existência de dezenas de outras vítimas. O crimes eram transmitido on-line e, em alguns casos, a gravação era posteriormente exposta na internet.
De acordo com a Deam de Duque de Caxias, o grupo forçava as vítimas a cometerem atos violentos ou a se mutilarem com navalhas, fazendo-as escrever os nomes dos autores na própria pele.
A Operação Abraccio acontece após a prisão de um dos integrantes do grupo, no mês passado. A partir da perícia de cerca de 80 mil imagens, vídeos e áudios encontrados em dispositivos eletrônicos, foi possível chegar aos demais envolvidos nos crimes. O material apreendido também demonstra a frieza com que os suspeitos agem.
Até o momento, seis mulheres foram identificadas como vítimas do grupo. Além das prisões, a operação desta segunda busca apreender celulares, computadores e mídias digitais capazes de comprovar os crimes praticados e ampliar o mapeamento da rede criminosa. O material arrecadado será analisado e poderá embasar novas diligências, além de responsabilizações penais e civis.
Em nota, a Discord informou:
“Atividades ilegais e incitação à violência não têm lugar no Discord nem na sociedade. Combater essas redes é um desafio complexo em toda a indústria que exige soluções colaborativas. O Discord conta com equipes dedicadas que trabalham arduamente para identificar e remover quaisquer usuários e espaços onde pessoas mal-intencionadas estejam se organizando em torno de ideologias de ódio e para prevenir o uso indevido da nossa plataforma. Investimos fortemente em ferramentas avançadas de segurança e sistemas de moderação e, quando tomamos conhecimento de tal conteúdo, tomamos as medidas cabíveis, incluindo a derrubada de servidores violadores, o banimento de pessoas mal-intencionadas e a denúncia de violações às autoridades policiais, em conformidade com a lei.
O Discord tem denunciado proativamente às autoridades policiais brasileiras grupos e indivíduos envolvidos nesse tipo de conduta, bem como outros comportamentos que representam risco para terceiros. Nossas divulgações proativas ajudaram a impedir crimes antes que eles ocorressem e levaram a várias prisões em uma série de operações ao longo do último ano. A segurança é uma prioridade para o Discord e estamos comprometidos em proporcionar um ambiente positivo e seguro para nossos usuários no Brasil.”