ESTADOS UNIDOS

Secretário dos EUA diz que tarifas entram em vigor em 1º de agosto para quem não fechou acordo

Bessent afirmou que 18 grandes parceiros comerciais são prioridade

Secretário americano diz que tarifas entram em vigor em 1º de agosto para países que não fecharem acordos - Saul Loeb/AFP

O governo dos Estados Unidos aplicará a partir de 1º de agosto tarifas aos parceiros comerciais com os quais não tenham alcançado acordos, seja Taiwan ou a União Europeia, afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

As tarifas devem atingir, em alguns casos, os níveis muito elevados que o presidente Donald Trump havia anunciado no chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, antes de suspender a aplicação das taxas para permitir negociações comerciais e estabelecer um prazo até a próxima quarta-feira, dia 9, para alcançar acordos, declarou Bessent ao canal CNN.

O secretário do Tesouro afirmou que 18 grandes parceiros comerciais são prioridade, com vários acordos importantes previstos para serem anunciados. Ele também reconheceu que o grande número de negociações em andamento está dificultando as etapas finais.

"Se quiserem acelerar, que acelerem" afirmou o chefe do Tesouro à CNN, referindo-se aos países que receberam uma carta. — Se quiserem voltar à tarifa antiga, essa é uma escolha de vocês.

No domingo, Trump confirmou aos jornalistas a bordo do avião presidencial que "provavelmente" começará a aplicar as tarifas em 1º de agosto. O republicano acrescentou que havia assinado mais de 10 cartas para informar os países sobre os aumentos das tarifas.

"Acredito que teremos a maioria dos países preparados para 9 de julho, seja uma carta ou um acordo" disse Trump, antes de insistir que alguns acordos foram alcançados.

Ao seu lado, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, confirmou que as tarifas começarão a ser aplicadas em 1º de agosto, "mas o presidente está definindo as tarifas e os acordos agora mesmo".

Pressão máxima
Mais tarde, Trump anunciou em sua rede social Truth Social que começará a enviar nesta segunda-feira aos parceiros comerciais as primeiras cartas informativas sobre as tarifas que serão impostas ou sobre os acordos alcançados. As cartas serão enviadas a quem não fechar acordos com os EUA.

"Tenho o prazer de anunciar que as Cartas de Tarifas dos Estados Unidos e/ou Acordos com vários países ao redor do mundo serão entregues a partir das 12h00 (13h00 de Brasília), de segunda-feira, 7 de julho", anunciou Trump em sua rede social.

Washington mantém negociações com vários países para alcançar acordos comerciais que evitem as tarifas. Com a China, o governo Trump estabeleceu uma trégua temporária para reduzir as tarifas de até três dígitos que haviam sido impostas de maneira recíproca.

Até o momento, apenas Reino Unido e Vietnã conseguiram concluir acordos comerciais com os Estados Unidos. Bessent, no entanto, disse que o governo está "próximo de vários acordos", mas não citou com quais países.

 

O secretário do Tesouro negou que os Estados Unidos estejam ameaçando os países com sua política tarifária, embora tenha admitido que é necessário aplicar "pressão máxima".

"Não é um novo prazo. Estamos dizendo que é o que acontecerá. Se você quer acelerar as coisas, siga adiante. Se quiser retornar à tarifa antiga, a escolha é sua" disse.

O secretário citou como exemplo a União Europeia, ao afirmar que o bloco "está fazendo um progresso muito bom" após uma relutância inicial a modificar o acordo comercial com Washington.

O bloco europeu, inclusive, afirmou que houve avanços rumo a um acordo e que o bloco ainda trabalha para cumprir o prazo final de quarta-feira. Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conversaram no domingo e tiveram “uma boa troca de ideias”, disse um porta-voz do braço executivo da UE nesta segunda-feira em Bruxelas.

O chanceler alemão Friedrich Merz discutiu, no fim de semana, formas de resolver a disputa comercial com os EUA em ligações telefônicas separadas com Von der Leyen, bem como com seus homólogos da França e da Itália, informou um porta-voz do governo a jornalistas nesta segunda-feira em Berlim.

"O tempo está se esgotando" disse Stefan Kornelius, principal porta-voz de Merz, em uma coletiva de imprensa regular do governo em Berlim, acrescentando que a Alemanha continua a apoiar a estratégia da Comissão nas negociações com os EUA. "É uma matriz complexa de fatores que precisam ser considerados."

Impulsionado por uma vitória legislativa e pelo recorde histórico alcançado pelo mercado de ações dos EUA na semana passada, Trump está usando sua autoridade tarifária como ferramenta para buscar ganhos econômicos domésticos e provocar rivais geopolíticos.

Sua ameaça mais recente foi a imposição de um imposto de importação adicional de 10% a “qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas dos Brics", grupo que expressou uma "séria preocupação" com o aumento de tarifas "unilaterais", embora sem mencionar os Estados Unidos.

"Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics será cobrado com uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções para esta política", postou o presidente americano justamente quando as nações do Brics se reuniam no Rio de Janeiro para encontros iniciados no domingo.

O grupo, formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi ampliado recentemente para 11 países e representa quase metade da população mundial e cerca de 40% do PIB.