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Michelle Bolsonaro pede que Lula "baixe as armas da provocação" e deixe de lado "desejo de vingança"

Ex-primeira-dama pede que o petista opte por uma postura conciliadora com os EUA após o anúncio da taxação de 50% sobre os produtos brasileiros

Michelle Bolsonaro leu carta ao presidente Lula durante evento no Acre - Isac Nóbrega/PR

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) leu, durante agenda no Acre neste sábado, uma carta pública endereçada ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, na qual pede que o petista "baixe as armas da provocação" e deixe de lado o "desejo de vingança" para resolver a crise oriunda da taxação de 50% sobre os produtos brasileiros, determinada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, na semana passada.

Ao contrário do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Michelle não cita a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro ou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no posicionamento.

Em meio a críticas à postura de Lula, Michelle pede que o petista opte por uma postura conciliadora com os EUA. A presidente do PL Mulher afirma ser hora de "cessar os tambores de ofensas e hastear a bandeira do diálogo e da paz”.

Enquanto o governo petista aposta no discurso de soberania nacional para contornar a crise, bolsonaristas tentam atribuir a culpa pela taxação ao Planalto.

No documento, Michelle elenca sete pontos de críticas a Lula. A ex-primeira-dama afirma que o presidente é guiado por “ideologias doentias” e tem “transferido a responsabilidade dos seus atos” para outros. Para ela, o petista tem a “oportunidade de evitar essas sanções”.

"Chega de ódio e de irresponsabilidade", diz Michelle, que afirma também que as sanções "só foram aplicadas, até hoje, a países reconhecidos como ditaduras”.

Na quarta-feira, Trump anunciou a taxação em retaliação ao que classificou como "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O americano tem punido até países aliados e democracias com as medidas econômicas. Entre elas, nações da União Europeia, o Canadá e o México, além da Coreia do Sul e outros países, incluindo aqueles com sistemas ditatoriais.

Em uma carta publicada na sua rede social, Truth Social, Trump afirmou que o julgamento contra o brasileiro "não deveria estar acontecendo". Segundo o republicano, a taxação — que começará a valer a partir de 1° de agosto — foi motivada "pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", citando, além de Bolsonaro, uma suposta "censura" contra Big Techs americanas.

No dia seguinte, Lula a firmou que pretende negociar e criará um comitê com empresários para repensar a política comercial com os Estados Unidos, mas que, se a sobretaxa de Trump entrar em vigor, vai responder, e medidas de retaliação já estão em estudo.

O petista disse que levará o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas, diante do esvaziamento da entidade, a expectativa é que o país use a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso, tão logo o tarifaço entre em vigor. A lei permite a adoção de sanções equivalentes às impostas por outros países.

Já Eduardo elogiou a decisão de Trump e disse que o Congresso precisa aprovar uma anistia ampla aos envolvidos no atos golpistas do 8 de janeiro.

“Apelamos para que as autoridades brasileiras evitem escalar o conflito e adotem uma saída institucional que restaure as liberdades. Cabe ao Congresso liderar esse processo, começando com uma anistia ampla, geral e irrestrita, seguida de uma nova legislação que garanta a liberdade de expressão — especialmente online — e a responsabilização dos agentes públicos que abusaram do poder”.

O filho do ex-presidente culpou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pela decisão de Trump. Moraes é o relator do caso da trama golpista, na qual Jair Bolsonaro é suspeito de liderar uma tentativa de impedir o presidente Lula de tomar posse.

“O presidente Trump, corretamente, entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária. O presidente americano entendeu que esse establishment também precisa arcar com o custo desta aventura. Por isso, a partir de 1º de agosto, empresas brasileiras que desejarem acessar o maior mercado consumidor do planeta estarão sujeitas ao que se pode chamar de ‘Tarifa-Moraes’”, disse Eduardo.