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Bolsonaro se alinha a Tarcísio no embate com Eduardo, mas diz que situação está pacificada

Ex-presidente diz que Trump não pede muita coisa e Itamaraty é uma piada

Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas em almoço em Brasília - Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta terça-feira, que os embates entre o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), por posicionamentos em relação ao "tarifaço" do governo americano sobre produtos brasileiros, tiveram uma solução pacífica, após conversas com os dois.

Apesar de não revelar detalhes dos diálogos com o filho e o aliado, Bolsonaro deu razão a Tarcísio por estabelecer diálogo com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, por uma saída para a questão econômica.

Tarcísio também procurou ao menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para consultá-los sobre a possibilidade de a Corte autorizar uma viagem de Jair Bolsonaro para negociar com Trump.

— Conversei com Eduardo e Tarcísio, coloquei uma pedra em cima desse assunto. Não podemos dividir, Tarcísio é um grande gestor, nada de críticas a ele. É obrigação do Tarcísio defender o seu estado. Ele se reuniu com o encarregado do governo americano, e está buscando uma alternativa. Lula deixou isto a cargo do Itamaraty, e o Itamaraty é uma piada — disse Bolsonaro, em entrevista ao Poder 360.

Ao comentar a iniciativa de Trump, Bolsonaro negou ter participado da negociação que culminou na taxação de produtos brasileiros e

— Se eu fosse o presidente, o acordo já teria sido feito, nos moldes da argentina, onde 80% dos produtos não são taxados. Mas, para este governo, o caos é importante. O que o Trump procura é paridade das taxações, ele não pede muita coisa. Nada disse teve participação nossa (da família Bolsonaro), não houve lobby. Eduardo não teve participação direta nisso, ninguém está vibrando com a taxação. Eu não vinculo minha anistia a isso. Eu e Eduardo somos contra o tarifaço. Gostaria de conversar com o Trump, sim. Ele apresentaria uma proposta — completou o ex-mandatário.

Dos Estados Unidos, Eduardo disse ao Globo, nesta segunda, que "faltou inteligência" ao governador.

— Faltou inteligência ao Tarcísio nesta negociação, e faltou respeito a mim. Bolsonaro tem um filho nos Estados Unidos, com acesso à Casa Branca, e ele tenta passar por cima disso, dialogando com pessoas do sexto escalão da diplomacia americana, sem nos consultar. É uma clara falta de respeito. E o pior: sem consultar Jair Bolsonaro. Não sabemos a interpretação que os ministros do Supremo podem ter de um pedido para que ele venha aos Estados Unidos — disse Eduardo.

A proposta de autorizar Bolsonaro a viajar aos EUA para negociar com Trump, entretanto, já havia sido mencionada pelo irmão dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em um discurso no Senado na última quinta-feira.

— Se Lula não tem capacidade, poderia pedir ao Alexandre de Moraes (ministro do STF) para devolver o passaporte pro Bolsonaro, que ele vai pra lá e resolve — afirmou Flávio.