Brasília

Sob risco de prisão, Bolsonaro recebe aliados e Jair Renan em dia recluso na sede do PL

Após Moraes pedir explicações de descumprimento das cautelares, ex-presidente cancelou ida à Câmara e se isolou com interlocutores mais próximos

Bolsonaro passou o dia em reuniões fechadas, sem se pronunciar publicamente - Evaristo Sá/AFP

No dia seguinte à decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou explicações sobre o possível descumprimento de medidas cautelares, o ex-presidente Jair Bolsonaro saiu de casa pouco antes das 10h, cancelou a ida que faria à Câmara dos Deputados e passou o dia na sede nacional do PL, em Brasília, ao lado de aliados próximos, e de seu filho 04, o vereador de Balneário Camboriú, Jair Renan.

Na véspera, o ex-presidente esteve na Câmara, circulou livremente pelos corredores, criticou as restrições impostas pelo STF e exibiu sua tornozeleira eletrônica.

No despacho, o ministro alertou que, caso a defesa não apresente justificativas satisfatórias, poderá decretar a prisão imediata de Bolsonaro.

Na sede do PL, Bolsonaro passou o dia em reuniões fechadas, sem se pronunciar publicamente. À porta, quem deu declarações foi o senador Magno Malta (PL-ES), um dos aliados mais leais do ex-presidente.

— Vou ficar com ele o tempo que der. Sou amigo da vida e da morte — afirmou.

Na parte da tarde, por volta das 14h, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) apareceu e criticou o recesso parlamentar, que a oposição tentou reverter, sem sucesso.

— Não se pode ter recesso sem votar a LDO. O Congresso está tendo uma série de irresponsabilidades (…) a gente está fazendo aqui um rodízio, conversando com o presidente.

A expectativa é que ele fique no partido até o final da tarde. Até seu almoço ocorreu dentro das instalações. Ele precisa estar em casa até 19h.

O ambiente no entorno do ex-presidente é de cautela. A presença na Câmara nesta semana fazia parte de uma estratégia de tentar demonstrar força política, com foco na tramitação do projeto de anistia aos condenados do 8 de Janeiro e na tentativa de pressionar o Legislativo a reagir às decisões do STF.

A decisão de Moraes na noite desta segunda-feira, contudo, gerou receio e foi interpretada como um sinal de que os movimentos públicos de Bolsonaro serão cada vez mais limitados.

A avaliação entre interlocutores é que, diante do risco de prisão, o ex-presidente deve reduzir suas aparições e focar nos bastidores.

O silêncio do dia contrasta com a movimentação intensa da véspera, quando Bolsonaro se reuniu com cerca de 50 deputados e defendeu prioridade à anistia, além de estimular a apresentação de novos pedidos de impeachment contra ministros do Supremo.