Dino relaciona morte de influenciador conservador nos EUA a anistia: 'Foi feito perdão e não há paz'
Dino alegou que a paz não é alcançada pelo "esquecimento", mas sim, em alguns casos, pelas "instâncias repressivas do Estado"
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou nesta quinta-feira (11) o assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk, ocorrido na quarta-feira nos Estados Unidos. Dino lembrou a discussão sobre uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro e ressaltou que, nos Estados Unidos, foi concedido perdão aos invasores do Capitólio, mas que isso não trouxe "paz".
— Ontem, infelizmente, houve um grave crime político. Um jovem, que é de uma posição política aparentemente ao lado do atual presidente dos Estados Unidos, mas pouco importa, levou tiro. E é curioso notar porque há uma ideia segundo a qual anistia, perdão, é igual a paz. E foi feito perdão, nos Estados Unidos, e não há paz.
Dino alegou que a paz não é alcançada pelo "esquecimento", mas sim, em alguns casos, pelas "instâncias repressivas do Estado".
— Porque, na verdade, o que define a paz, que nós sempre devemos buscar, não é a a existência do esquecimento. Às vezes a paz se obtém pelo funcionamento adequado das instâncias repressivas do Estado.
O comentário do ministro foi feito durante o julgamento da ação penal da trama golpista, que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os réus. Na terça-feira, ao apresentar seu voto pela condenação, Dino já havia dito que os crimes relacionados à tentativa de abolir violentamente o Estado democrático de direito são "insuscetíveis de anistia".
— Esses tipos penais são insuscetíveis de anistia, de modo inequívoco. Jamais houve anistia feita em proveito dos altos escalões do poder. Nunca a anistia se prestou a uma espécie de autoanistia de quem exercia o poder dominante.
Charlie Kirk, de 31 anos, era chefe da Turning Point USA (TPUSA), principal organização conservadora juvenil dos Estados Unidos. Ele foi baleado e morto nesta quarta-feira enquanto discursava em um evento no campus da Universidade Utah Valley.
Apoiador do presidente americano, Donald Trump, Kirk foi um dos que promoveu a teoria da conspiração sobre uma suposta fraude nas eleições presidenciais americanas de 2020. Foi também entusiasta das manifestações que resultaram na invasão ao Capitólio, de 6 janeiro de 2021.