Diplomacia

Após aceno de Trump a Lula, Tarcísio defende diálogo: 'têm que sentar e conversar mesmo'

Governador também afirmou que o 'caminho da negociação' é o que irá resolver a crise entre Brasil e Estados Unidos

Trump e Lula discursam na ONU - Angela Weiss/AFP e Michael M. Santiago / Getty Images North America via AFP

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem que "sentar e conversar mesmo" com Donald Trump. De acordo com Tarcísio, o "caminho da negociação" é o que irá resolver a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, iniciada após o tarifaço imposto pelos americanos aos produtos de exportação brasileiros e seguido por sanções à autoridades do país. A declaração foi dada após o presidente dos Estados Unidos ter elogiado o brasileiro durante a a Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira.

"Eu acho que os dois têm que sentar e conversar mesmo. É o caminho da negociação que vai resolver esse problema de tarifa, que é o que a gente tem defendido há muito tempo", afirmou o governador, nesta terça-feira, após um evento do governo estadual na cidade de Campinas.

No início deste mês, o PT divulgou uma peça publicitária mirando críticas à gestão de Tarcísio, considerado pelo presidente Lula como adversário nas eleições de 2026. O material, transmitido na TV somente para o estado paulista, vinculava o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.

"Tá na cabeça e no seu dia a dia. O governo de São Paulo está do lado do Trump e dos bilionários", diz um trecho do vídeo, que, mesmo sem mencionar Tarcísio, reproduz a imagem de um homem utilizando o boné com a escrita "Make América Great Again", característico dos apoiadores do presidente americano.

Em janeiro deste ano, após a posse de Trump, o governador publicou um vídeo utilizando o acessório para parabenizar o americano pelo novo mandato. Com o tarifaço imposto pelo país aos produtos brasileiros, o gesto passou a ser alvo de críticas da esquerda.

Do lado bolsonarista, o governador chegou a ser criticado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentar estabelecer um diálogo com o governo Trump para reverter a taxação. À época, o filho do ex-presidente chegou a dizer "faltou inteligência" a Tarcísio, que foi desrespeitoso ao acionar "o sexto escalão" americano enquanto ele próprio teria acesso à Casa Branca.
 

'Vamos nos encontrar'

Trump afirmou durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU que se encontrou com Lula pouco antes de ocupar o centro do plenário em Nova York. Os dois teriam se abraçado e concordado em se encontrar na semana que vem, segundo o americano. A fala de Trump aconteceu após o discurso do presidente brasileiro, que fez várias críticas indiretas aos EUA e ao republicano. O governo brasileiro confirmou ao GLOBO que os presidentes se encontraram, mas não que uma reunião oficial havia sido marcada.

— Combinamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Em retrospecto, que bom que esperei, porque isso não tem funcionado bem [diálogo com Lula], mas conversamos, tivemos uma boa conversa, e combinamos de nos encontrar na semana que vem. Mas ele parecia um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto, eu não gosto. Tivemos ao menos 39 segundos de uma química excelente. É um bom sinal — afirmou o presidente americano.

Apesar do comentário, a menção ao Brasil não ocupou um espaço central o discurso do americano. Conforme mostrou a coluna de Malu Gaspar, no GLOBO, Trump citou mais de 20 países antes de se referir a Lula ou ao país, citando aliados e rivais e situações geopolíticas em quase todos os continentes.