Política

"Não podemos levar a sério", diz Sergio Moro sobre ser réu no STF

Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", o senador afirmou que não acredita em uma eventual condenação no processo que enfrenta no Supremo, que poderia resultar em sua prisão e perda de mandato

Moro (D): "Estou confiante de que, com a apresentação das provas, vai tudo ser considerado improcedente" - Reprodução Youtube/Folha de Pernambuco

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) não acredita em uma eventual condenação no processo que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), que poderia resultar em sua prisão e perda de mandato. Foi o que revelou, com exclusividade, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília".

"Estou confiante de que, com a apresentação das provas, vai tudo ser considerado improcedente. Porque é um absurdo. Era uma festa junina, antes de eu ter o mandato, e houve uma brincadeira infeliz. Obviamente que não estou acusando o ministro Gilmar Mendes de vender sentença numa festa junina. Explicamos isso, mas o STF entendeu de receber a denúncia”, relatou Moro.

A ação penal por calúnia contra o senador decorre de um vídeo de 2022, em que ele aparecia falando em “comprar um habeas corpus” do ministro do STF, Gilmar Mendes. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia contra Moro, pedindo pena de quatro anos de prisão, além da perda do mandato.

Atualmente, a Primeira Turma julga um recurso do senador contra a decisão do Supremo que o tornou réu, em junho de 2024. Quatro ministros já votaram no sentido de manter esta condição (Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin), faltando apenas o voto de Luiz Fux, que tem até esta sexta-feira (10) para apresentar seu posicionamento.

“O mais surpreendente é que foi antes da minha eleição, então nem era competência do Supremo porque eu não era senador. E não divulguei nem gravei esse vídeo, quem divulgou aquilo, em abril de 2023, foram perfis vinculados à esquerda, querendo gerar animosidade do STF em relação a mim. Quem divulgou, na verdade, foram apoiadores do governo Lula, então se alguém tem que ser punido por isso é esse pessoal. O vídeo só foi divulgado em abril de 2023, e três dias depois estava denunciado pelo procurador-geral anterior (Augusto Aras). É uma tentativa de atacar meu mandato, de me atacar, esperamos que o STF tenha serenidade de julgar conforme a lei e as provas. Mas não vou me intimidar com isso”, completou.

Sobre o risco de ficar inelegível em 2026, em que lidera as pesquisas de intenções de voto para o governo do Paraná, Moro classifica como uma “hipótese muito improvável”. “A sanção penal é tão absurda que não podemos levar a sério. Agora é esperar que a gente tenha a oportunidade de mostrar a origem, que são perfis da esquerda. Eu nem tinha interesse de divulgar isso. Sempre fiz críticas respeitosas ao Supremo, com base em fatos, e acho que eles erraram em alguns temas. Acho excessivas as penas do 8 de janeiro, teve uma série de problemas, mas minha crítica é honesta, não é brincadeira de festa junina”, pontuou.

Após ter se lançado como pré-candidato ao Planalto em 2022 e depois desistido para disputar o Senado, Moro evitou se colocar como presidenciável no ano que vem. “Minha prioridade é proteger o meu estado, o Paraná, dessa loucura de Brasília. Vamos bater martelo mais adiante. Mas se o Lula for reeleito, ele vai querer espalhar a loucura para os outros estados. Não posso correr esse risco de ter meu estado governado por alguém do PT, aliado ou que se junte ao PT. Não quero que aconteça o mesmo que acontece hoje na Bahia, o estado com a maior violência do Brasil, mais do que o Rio de Janeiro, e governado pelo PT. Precisamos fazer nossa lição de casa”, afirmou o senador.

“Nacionalmente, vou apoiar um candidato para tentar derrotar o Lula. Temos muito tempo pela frente, temos potenciais candidatos a presidente, todos bons nomes. Dentre os governadores, temos o Ronaldo Caiado, do meu partido, que reduziu os indicadores de criminalidade de Goiás. Temos Tarcísio de Freitas, competente, trabalhador, um cara sério, com um potencial enorme. O Romeu Zema, com dois mandatos em Minas Gerais, pegou um estado arruinado pelo PT e consertou. E o Ratinho Júnior tem elevadíssima taxa de aprovação no Paraná; faz governo com pontos meritórios. E tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que a gente vê hoje que está difícil, por estar inelegível, mas é uma liderança política importantíssima. Tenho defendido a união da direita e da centro-direita. Se entrarmos em uma lógica autofágica, não vamos a lugar nenhum”, concluiu Moro.