Recife: homens incendeiam ônibus e deixam carta com denúncias de corrupção em presídio
Polícia Civil está buscando responsáveis pela depredação
Um ônibus que fazia a linha Cajueiro/Centro foi alvo de tentativa de incêndio, ainda quando estava parado no Terminal de Cajueiro, localizado na Zona Norte do Recife.
O episódio de depredação ao coletivo da empresa Caxangá aconteceu por volta das 17h15 da última terça-feira (7). A Polícia Civil de Pernambuco está investigando o caso e procurando os responsáveis pelos atos.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, a tentativa de incêndio ao veículo que possui número de ordem 819, teria sido causada por dois homens que, com uma bombona de combustível tentaram atear fogo nos bancos.
Naquela tarde, a fumaça tomou conta do veículo. O fogo foi apagado pelo motorista e um outro condutor que também estava no local. A Folha de Pernambuco teve acesso a uma foto do circuito interno do ônibus, onde aparece um rapaz com capacete.
O ônibus, que teve cadeiras e luminárias queimadas, foi periciado no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais, (Depatri), em Afogados, Zona Oeste da capital pernambucana.
Imediatamente, o sindicato solicitou que ônibus de Cajueiro e de outras três linhas que atendem ao terminal fossem recolhidos. Foram elas: 722 – Campina do Barreto; 724 – Chão de Estrelas; e 885 – Sítio Novo.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Carlos Medeiros, este já é o sexto caso de ônibus queimado na Região Metropolitana do Recife, em 2025.
“O motorista [que apagou o fogo] foi um herói. Eu peço que respeitem e ajudem os rodoviários que estão na rua. Estamos acompanhando o caso. O motorista está sendo acompanhado pela psicóloga da empresa e o sindicato está disponível para dar toda a assistência ao rodoviário”, comentou ele.
Carta da ameaça
Ainda segundo Carlos Medeiros, após o incêndio foi encontrada uma carta escrita a próprio punho dentro do coletivo. A mensagem, que é endereçada à governadora Raquel Lyra dirige queixas a respeito do Presídio de Igarassu, denunciando que um suposto chaveiro do Pavilhão J estaria cobrando uma taxa de R$ 10 dos presos em prol da realização de faxina. “Estamos sendo esquecidos novamente e a corrupção começou tudo de novo”, diz trecho do que está escrito no papel.
“O governo já manda todos os produtos. Não podemos ter nem sal para botar nas comidas [...], pagando taxa para o chaveiro estar fumando e vendendo maconha a R$ 50 no dinheiro e, no ‘B. O.’ se não pagar é pau de barrote [...]. Estamos aqui para chamar sua atenção, governadora. Pedimos ajuda. Tire esse chaveiro o mais rápido”, complementa.
Com a palavra, a PCPE
A Polícia Civil de Pernambuco disse, por meio de nota, que registrou a ocorrência na Central de Plantões e que o caso será investigado pela Delegacia de Água Fria, que já deu início às diligências para identificar os responsáveis e apurar as circunstâncias do fato.
E o Grande Recife?
O Grande Recife Consórcio de Transporte informou que tomou conhecimento do fato pela operadora de transporte, empresa Caxangá, a qual registrou B.O.
“Estamos acompanhando junto à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) a apuração dos fatos e dos atores da ação criminosa”, diz o órgão.
E a Secretaria de Administração Penintenciária?
Também por meio de nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) ressalta que tomou conhecimento do conteúdo de um vídeo e de uma carta que estão sendo veiculados nas redes sociais, nos quais são apontadas supostas práticas ilícitas no Presídio de Igarassu (PIG), envolvendo pessoas privadas de liberdade.
“A Seap informa que determinou a instauração imediata de procedimento interno para apuração das informações apresentadas nos materiais e está colaborando com as autoridades policiais para elucidar o caso”, diz a nota.
A pasta explica ainda que, visando romper as problemáticas históricas enfrentadas pelo PIG, vem adotando, de forma continuada e estratégica, uma série de medidas para controlar e prevenir as situações que possam comprometer a segurança, a ordem e a disciplina na unidade.
“Entre as ações, destacam-se a criação de novas vagas, o fortalecimento dos procedimentos de fiscalização e inteligência, bem como a intensificação de protocolos operacionais, com o objetivo de inibir as práticas ilícitas no ambiente prisional, prezando pelas normas que regem a execução penal”, continua.
Por fim, a Seap frisa que não compactua com qualquer tipo de irregularidade nas unidades prisionais e, na presença de indícios mínimos de autoria e materialidade, os envolvidos serão responsabilizados.
Governo de Pernambuco
A administração estadual ainda não se pronunciou sobre o assunto. O espaço segue aberto até que seja emitido o posicionamento.