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Após ser suspenso, Sabino troca farpas com Caiado e fala sobre permanência no União Brasil

Chamado pelo governador de Goiás de 'imoral' e 'soldado do Lula', ministro do Turismo afirmou que responderá críticas apenas 'quando ele atingir 1,5% nas pesquisas'

Celso Sabino decide não deixar governo Lula - Ricardo Stuckert / PR

O ministro do Turismo Celso Sabino (União-PA) afirmou, na noite desta quarta-feira, que ficou "insustentável" permanecer no União Brasil após a orientação do partido para que ele deixasse o governo Lula (PT). Por descumprir a instrução, Sabino foi suspenso das atividades da legenda por 60 dias e afastado da presidência do diretório do Pará, além de ter seu processo de expulsão também iniciado. Após a reunião que selou as punições, o ministro ainda trocou farpas com o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União), pré-candidato à Presidência e um dos principais articuladores de sua saída: "quando ele atingir 1,5% nas pesquisas (para as eleições de 2026), eu respondo ele".

"A gente tem uma grande liderança no estado (Pará) por esse partido e ao nível nacional também nós temos muitos amigos, mas eu acredito que ficou realmente insustentável a minha permanência nesse partido", declarou Sabino, em entrevista concedida à CNN Brasil.

Segundo o ministro, a intervenção sofrida no diretório estadual "foi uma violação muito grande", da qual vai se defender "de peito aberto" e "cabeça erguida":

"Eu não devo nada, eu não fiz nada para merecer essa expulsão. Mas eu acredito que essa minha passagem política pelo Partido União Brasil já deu o que tinha que dar", completou.

Frase de Lula
Após a reunião Executiva Nacional da legenda na manhã desta quarta-feira, em Brasília, que selou as punições, o ministro trocou farpas com o governador de Goiás Ronaldo Caiado. Segundo o pré-candidato à Presidência, a permanência no União Brasil sendo membro do governo Lula é "de uma imoralidade ímpar" e "não pode ser admitida".

"Não se pode servir a dois senhores: ser soldado do Lula e ao mesmo tempo representar um partido que já declarou oposição ao governo", declarou o governador em conversa com jornalistas divulgada em seu perfil nas redes sociais.

Questionado sobre as declarações na saída da reunião, Sabino ironizou: "Quando ele atingir 1,5% nas pesquisas (para as eleições presidenciais de 2026), eu respondo ele". A frase é a mesma utilizada por Lula contra Caiado em um debate presidencial de 1989.

'Vou permanecer'
Ao formalizarem federação, o União Brasil e o PP (Progressistas) oficializaram, no início de setembro, o rompimento com o governo Lula, e ambas as siglas determinaram que seus ministros filiados deixassem a Esplanada dos Ministérios em até 30 dias. Sabino chegou a comunicar um pedido de demissão ao presidente Lula, mas seguiu no cargo.

Para se manter no ministério, Sabino chegou a articular uma lista de assinaturas que mostram o apoio da maioria dos deputados da legenda à sua permanência no cargo. Apesar da pressão da legenda, o ministério é considerado importante para parte dos parlamentares que desejam direcionar emendas para suas bases.

Também nesta quarta-feira, o ministro disse que a decisão do União foi "açodada e equivocada", defendeu Lula como "o melhor projeto para o Brasil e anunciou a permanência no governo:

— O Brasil, que antes nunca recebeu 7 milhões de turistas estrangeiros, receberá 10 milhões neste ano. Vou permanecer no governo, pelo bem do turismo e pelo bem do povo do Pará, que receberá a COP30. Tenho a confiança do presidente Lula e seguirei trabalhando com diálogo, junto à administração do partido. Vamos esgotar até o último minuto. O partido tomou decisões equivocadas e açodadas. Fico ao lado do presidente Lula por entender que é o melhor projeto para o Brasil. — disse.