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A presença que salva: o papel essencial do cirurgião-dentista na UTI

Quando se pensa em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é comum imaginar médicos, enfermeiros e fisioterapeutas em ação. Mas há um profissional cuja atuação, embora muitas vezes invisível, pode ser decisiva para a recuperação do paciente: o cirurgião-dentista.

A boca, frequentemente negligenciada em ambientes hospitalares, pode ser uma verdadeira porta de entrada para infecções graves. Em pacientes internados em UTI, cuja saúde já se encontra fragilizada, esse risco se multiplica. Estudos apontam uma relação direta entre a presença de biofilme oral (o acúmulo de bactérias) e o desenvolvimento de pneumonias associadas à ventilação mecânica (PAV). A ausência de cuidados bucais adequados pode prolongar a internação e, em casos extremos, levar ao óbito.

A Odontologia Hospitalar, reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em janeiro de 2024, por meio da Resolução CFO-262, dedica-se ao atendimento de pacientes em ambiente hospitalar, incluindo enfermarias e UTIs. Seu papel é fundamental na promoção da saúde e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes internados. Apesar de muitas vezes esquecida, a atuação do dentista na UTI é estratégica. Ele previne complicações que podem prolongar a internação, aumentar os custos hospitalares e colocar a vida do paciente em risco.

Na prática, o dentista na UTI implementa protocolos de higiene bucal para controle da placa bacteriana, prevenindo a proliferação de microrganismos nocivos. Atua na prevenção de pneumonias associadas à ventilação mecânica, trata infecções bucais como abscessos e candidíase, e promove conforto ao paciente crítico, aliviando dores, sangramentos e desconfortos. Esses cuidados impactam diretamente na recuperação do paciente, reduzindo o tempo de internação, o uso de antibióticos e os custos hospitalares.

Portanto, a presença do dentista na UTI não deve ser vista como um luxo, mas como uma parte indissociável da assistência hospitalar. Cuidar da saúde bucal é cuidar da saúde integral do paciente. A excelência nesse cuidado pode ser a diferença entre complicações graves e uma recuperação plena.


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