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Centrada em Candinho, "Êta Mundo Melhor!" acerta ao valorizar personagens e enredos secundários

"Êta Mundo Melhor!" promove uma volta aos novelões do passado, onde um enredo sem muitas ramificações dava conta de manter o telespectador interessado por meses a fio

"Êta, Mundo Melhor!", da Globo - Divulgação

O projeto de revisitar o universo de Candinho, papel de Sérgio Guizé, em “Êta Mundo Bom!”, de 2016, sempre teve como base a longa duração e o potencial popular. Criada por Walcyr Carrasco, a trama foi uma das últimas novelas das seis onde os capítulos ultrapassaram os 30 pontos de audiência.

Cheia de responsabilidade, “Êta Mundo Melhor!” vem cumprindo seu objetivo em um momento de muitas telas, com audiência pulverizada pelo streaming e outras formas de consumir conteúdo televisivo.

Mesmo assim, o enredo da trama das 18h soube se atualizar e seduzir não apenas o público de quase uma década atrás, mas também uma nova leva de espectadores.

Muito desse feito tem a ver com o apelo do protagonista, criado por Walcyr Carrasco a partir de duas inspirações: o conto clássico de Voltaire, “Cândido, ou o Otimista” e os filmes de Mazzaropi, que por sua vez foi recriado com base no personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato.

A liga de todos os ingredientes fica por conta da atuação de Guizé, muito à vontade ao viver um tipo irremediavelmente bonzinho.

Mesmo com a história em círculos, é inegável a habilidade do protagonista em sustentar a novela. Agora na cidade e com um novo alvo romântico, Dita, de Jeniffer Nascimento, o matuto continua rendendo cenas recheadas de aventura e emoção na busca por seu filho desaparecido.

Em tempos de folhetins com menos capítulos e mais agilidade na resolução de histórias, “Êta Mundo Melhor!” promove uma volta aos novelões do passado, onde um enredo sem muitas ramificações dava conta de manter o telespectador interessado por meses a fio.

O fato de ultrapassar os 200 capítulos e só terminar em março do ano que vem dá ao folhetim a chance de utilizar o mocinho à exaustão, mas também de dar destaque a outros personagens. É por esse momento de descanso da imagem de Candinho que segue os capítulos mais recentes.

Estrela teen e protagonista absoluta no SBT, Larissa Manoela assinou com a Globo em 2020 e logo seu nome se tornou disputado nos corredores da emissora. A escalação da atriz para “Êta Mundo Melhor!” gerou uma natural expectativa, mas a história de Estela acabou ofuscada pelos outros atrativos da trama.

Agora, com Candinho e companhia em histórias menos sedutoras, é Estela quem domina a cena da novela das seis, um movimento que justifica a presença da atriz no elenco. Como se já não bastasse todos os mistérios de uma personagem que ainda não foi desenvolvida de forma satisfatória, a jovem agora surge desmemoriada após sofrer um grave acidente, um prato cheio e clichê para a atriz brilhar em cena.

Ainda contando com bons momentos das vilãs Zuma e Sandra, de Heloísa Périssé e Flávia Alessandra, os papéis femininos ganham mais destaque e levam a trama para um caminho mais intenso e emocional.

“Êta Mundo Melhor!” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.