Concessão da Compesa divide atenção entre atratividade e riscos operacionais
A dúvida recai sobre os incentivos para expansão da oferta hídrica. Secretário Marcelo Bruto ressalta mecanismos de segurança jurídica no leilão da Compesa
Considerado um dos maiores projetos de saneamento em curso no país, o leilão das concessões parciais da Compesa, marcado para 18 de dezembro, já atraiu o interesse de pelo menos nove grupos econômicos. Entre os interessados estão operadores experientes, como Aegea e BRK Ambiental, e fundos de investimento como Vinci Partners, Pátria e Opportunity, conforme revelou o jornal Valor Econômico. O plano prevê investimentos da ordem de R$ 19 bilhões, sendo R$ 8,2 bilhões destinados à ampliação do abastecimento de água e R$ 10,9 bilhões ao tratamento de esgoto, abrangendo 174 municípios de Pernambuco.
A forte mobilização do mercado, no entanto, vem acompanhada de preocupações em relação ao modelo adotado. Um dos principais pontos de atenção é a estrutura dos contratos, que mantém a produção de água sob responsabilidade da Compesa. Nesse formato, as concessionárias privadas terão de adquirir a água da estatal para realizar a distribuição à população. O arranjo levanta dúvidas sobre os incentivos para expansão da oferta hídrica e pode gerar fricções operacionais.
Em entrevista ao portal Movimento Econômico, o secretário de Parcerias e Estratégias da Gestão, Marcelo Bruto, reconheceu que o ponto é sensível, mas destacou que o contrato foi desenhado com alto grau de detalhamento, garantindo segurança jurídica para todas as partes envolvidas. “Haverá um contrato de interdependência entre a Compesa e os futuros concessionários, com regras claras sobre volume, qualidade e fornecimento da água”, afirmou.
Segundo Bruto, nos cinco primeiros anos da concessão, a Compesa garantirá um volume mínimo de fornecimento. Apenas no primeiro ano, o montante previsto é de 600 milhões de metros cúbicos, com crescimento progressivo a cada ano. O contrato define os volumes de forma escalonada, município por município, com base na capacidade real de produção da estatal e em obras de infraestrutura já planejadas ou em andamento.
Entre os empreendimentos considerados estratégicos estão três obras que ficarão sob responsabilidade dos concessionários: o sistema adutor de Carpina, voltado à Mata Norte, e, no Sertão, o sistema Petrolina–Afrânio–Dormentes e a ampliação da adutora do Oeste. Essas ações se somam a intervenções conduzidas diretamente pelo governo estadual, como a Adutora do Agreste e o Sistema Negreiros, em fase de licitação.
“O objetivo é eliminar as intermitências e garantir a universalização dos serviços. Isso está bem pactuado. O fornecimento de água crescerá conforme a demanda, dentro de um modelo planejado e seguro”, explicou Bruto. Segundo ele, a totalidade dos recursos arrecadados com as outorgas será reinvestida em projetos voltados à segurança hídrica.
Outro ponto de atenção entre investidores é a Parceria Público-Privada (PPP) que está em estudo pela Compesa para a construção de uma barragem no rio Ipojuca. Embora o governo afirme que a iniciativa contribuirá para ampliar a oferta de água na Região Metropolitana do Recife, há receios no setor privado sobre possíveis sobreposições de responsabilidade e lacunas contratuais. A expectativa, contudo, é que essa PPP fique para 2026, já que ainda se encontra em fase inicial de consulta pública.
O leilão parcial da Compesa é considerado o mais atrativo entre os projetos regionais ainda sob gestão do BNDES e deve encerrar o calendário de grandes concessões de infraestrutura deste ano.
Novo open mall em Paulista
Também nesta quarta (5), será inaugurado o Pátio Aurora Open Mall, com 139 unidades, em Paulista. O empreendimento integra o bairro planejado Vila Aurora, que prevê mais de 3.500 unidades habitacionais.
Almoço dos Associados
O CEO da Moura Dubeux, Diego Villar, e o diretor de Incorporação, Eduardo Moura, são os convidados do Almoço dos Associados da Ademi-PE, que acontece nesta terça-feira (4), das 12h30 às 14h30, na sede da entidade. Vão discutir sobre as oportunidades no projeto Novo Cais e o potencial de transformação urbana do Recife.
Data centers e IA
O COO da Atlantic Data Centers, Joe Bergamaschine, participa nesta terça (4), em São Paulo, do DCD>Connect Brasil 2025, que reúne líderes do setor para debater os impactos da inteligência artificial na infraestrutura digital e na conectividade óptica.
Debate sobre inovação
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